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Revisão das metas

Confira a crônica da semana

Por Redação VEJA São Paulo Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 28 jan 2017, 15h12 - Publicado em 27 jan 2017, 16h42
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  • Por Mário Viana

    Quanto tempo dura uma resolução de ano-novo? Com quase um mês de validade, 2017 e nós já criamos intimidade suficiente para empurrar com a barriga decisões radicais, como cortar massas das refeições ou começar amanhã mesmo o curso de alemão. Ainda estamos na fase da consciência pesada, mas assim que entrar fevereiro — e, com ele, o Carnaval — tudo muda de figura e você jura que vai mesmo cumprir o que prometeu. Claro que é ilusório, mas pelo menos você consegue uns dias de alforria consigo mesmo.

    É importante não ter buzinado aos quatro ventos sobre o regime, o cigarro e o curso de alemão. Nesses casos, quanto menos propaganda, melhor. Ninguém precisa de um Grilo Falante terceirizado, cobrando coerência de quem só estava animado com o espumante, prometendo qualquer coisa enquanto os fogos pipocavam no céu. Se ninguém soube, fica tudo por isso mesmo.

    No mundo ideal, você conseguiria pôr em prática ótimas resoluções: perder peso, cortar o cigarro, praticar mais esportes, viver de maneira mais saudável. Era só decidir e pronto. O erro está em estabelecer o primeiro dia do ano como marco zero da nova vida. Cortar sorvetes e cervejas em pleno verão parece coisa daqueles filipinos que se chicoteiam durante a Semana Santa para provar seu amor a Deus. Jogar nas costas do ano recémchegado o peso de suas escorregadas é até feio.

    Estabelecer uma data qualquer, mais genérica, facilita as coisas. Quando decidi parar de fumar, quase dezoito anos atrás, escolhi o dia 15 de março por uma questão prática. Em maio daquele ano, eu faria uma longa viagem aos Estados Unidos, a trabalho, e teria muita dificuldade em achar lugar para queimar um cigarrinho. Não vou dizer que foi mamão com açúcar. Suei muito para largar o vício, mas tenho certeza de que, se tivesse escolhido o primeiro dia do ano para a grande decisão, iria pular o Carnaval fumando mais do que antes.

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    Em vez de ações radicais que tentem submeter o ano inteiro ao capricho de um único dia, podem-se fazer pequenas revoluções a cada dois ou três meses. Às vezes, um mês basta para criar o novo hábito saudável. Isso permite planejar e sofrer menos. Quer fugir dos doces? Escolha um mês em que haja menos aniversários para ir. Quanto menos bolo ao alcance da mão, melhor.

    Quer usar um biquíni bacana na próxima ida à praia? Pense nele durante o inverno, quando a montoeira de roupas de frio esconde a cintura cada vez mais expandida. Não adianta fechar a boca em novembro quando o corpo exibe gordura localizada entre o queixo e o calcanhar.

    A esta altura do campeonato, ou do ano, já deu para sentir quais decisões vão pegar em sua vida. Cortar a cervejinha, com esse calorão dos infernos, está difícil. Ainda dá tempo de colocar o piercing no umbigo. Se quiser mesmo, faça antes do inverno. Que graça tem um piercing debaixo de quinze casacos de lã? O cigarro, sim, você pode cortar. Voltar a nadar pode ser uma boa. Agora, o curso de alemão parece que já era. Está todo mundo de férias.

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