Quarenta pessoas, entre investigadores e escrivães, vasculham computadores, sites e celulares para apurar suspeitas de crimes virtuais na 4ª Delegacia de Delitos Cometidos por Meios Eletrônicos do Departamento de Investigações sobre o Crime Organizado (Deic). Criado em 2001, o núcleo contabiliza mais de 1 000 inquéritos em andamento. No primeiro ano de funcionamento, foram registrados apenas sessenta. ‘ O número aumentou devido ao maior acesso da população à internet ‘, explica a delegada Catarina Buque. Estuda-se a criação de uma divisão especializada nesse tipo de crime, com mais duas delegacias. Um inquérito demora, em média, de três a quatro meses para ser solucionado -a dificuldade de acessar dados de empresas e provedores, o que só é possível com ordem judicial, atrasa o processo.
Crimes contra a honra e estelionato são os campeões em denúncias na delegacia, somando cerca de 90% dos casos. O primeiro delito inclui calúnia, injúria e difamação, práticas comuns na internet. ‘ Essas situações podem tomar grandes proporções ‘, afirma o advogado especialista em direito eletrônico Renato Opice Blum ‘ A pessoa lesada tem o direito de pedir indenização, pois há reflexos criminais para isso.’ A estudante de moda Karen Brandoles levou um susto ao receber a ligação de um sujeito que alegava conversar com ela por e-mail e MSN. Desconfiada, descobriu que alguém havia invadido seu computador e se passado por ela. ‘ Todos os meus dados estavam lá ‘, conta. O transtorno só não foi maior porque o invasor não trocou suas senhas e ela conseguiu recuperar sua privacidade.
Um dos grandes entraves para solucionar delitos no meio eletrônico é a falta de legislação específica. ‘ É possível aplicar a lei adequadamente apenas em parte das ocorrências’, explica Opice Blum. Ele recomenda que qualquer prova seja guardada – no computador, e não em papel. Todas as delegacias da cidade podem receber as denúncias, mas os casos mais complexos são encaminhados para a 4ª Delegacia de Delitos Cometidos por Meios Eletrônicos. ‘ Quando o autor do crime é conhecido, não é necessário fazer o registro aqui ‘, diz a delegada. ‘ Trabalhamos com grandes investigações.’
COMO SE PROTEGER
■ Evite se expor. Informações pessoais devem ser divulgadas com muito cuidado. Não deixe seu endereço ou telefone disponível a todos.
■ Desconfie de grandes oportunidades e ofertas. Cheque se o site que está vendendo a mercadoria ou o serviço é certificado.
■ Ao abrir um e-mail, cuidado com os anexos. Mesmo que o arquivo seja enviado por um amigo, não é possível saber se de fato foi ele quem mandou.
■ Mantenha seu antivírus atualizado e evite digitar senhas em computadores públicos.
■ Não use nem instale todas as novidades que encontrar na rede. Programas maliciosos podem roubar dados importantes de seu computador.
■ Lembre-se de que a lei também se aplica à internet. Caso se sinta lesado, procure