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OLÁ,

‘Corte Seco’ limita-se a mostrar o clima dos ensaios

As narrativas fracionadas, sobre situações cotidianas, são interrompidas a todo momento, nunca atingem o ápice e impedem o elenco de mergulhar em seus papéis.

Por Dirceu Alves Jr.
Atualizado em 5 dez 2016, 18h58 - Publicado em 12 fev 2010, 09h37

Recurso habitual para o cinema, o making of desvenda os bastidores de uma filmagem. No teatro, os ensaios costumam ficar guardados, sobretudo para não comprometer a magia. Em Corte Seco, a dramaturga e diretora carioca Christiane Jatahy subverteu o sigilo. Preocupou-se tanto em mostrar o trabalho nos ensaios que se esqueceu de apresentar um espetáculo pronto. As narrativas fracionadas, sobre situações cotidianas, são interrompidas a todo momento, nunca atingem o ápice e impedem o elenco de mergulhar em seus papéis.

Ao entrar no Teatro Sesc Anchieta, o público encontra os sete atores da Cia. Vértice transitando de um lado para outro. À direita do palco, em uma mesa, estão a diretora e sua equipe técnica; ao fundo, três TVs exibem imagens do saguão, do camarim e da rua. A montagem começa com o conflito de um casal (Eduardo Moscovis e Branca Messina) em torno da adoção de um bebê. Tramas como o embate de dois irmãos, um rapaz que tenta dialogar com os pais e as divergências de mãe e filha têm seu curso sempre interceptado pela autora-diretora. Após uma nova orientação aos atores — alguns deles simulam um chilique e ela faz cara de surpresa —, outra história é iniciada.

Na busca da desconstrução, desvalorizou-se a dramaturgia e priorizou-se o processo criativo, que pouco interessa ao espectador. Diante de tanta fragmentação, fica difícil diferenciar personagem de intérprete. Até que entra em cena a atriz Marjorie Estiano com um balão na mão para avisar a plateia: “A peça acabou”.

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