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OLÁ,

Construção de garagem cria discórdia entre o shopping Iguatemi e a vizinhança

Torre de estacionamento do Iguatemi cria impasse entre o shopping e condomínio vizinho, onde mora o prefeito

Por Maria Paola Salvo
Atualizado em 5 dez 2016, 19h24 - Publicado em 18 set 2009, 20h33

Quando o Shopping Iguatemi surgiu, em 1966, o conceito de centro de compras nem sequer existia por aqui. Na época, o chique eram as butiques da Augusta. Ainda assim, o visionário construtor Alfredo Mathias resolveu erguer o que é hoje o mais luxuoso shopping paulistano na área de uma antiga chácara da família Matarazzo, na Rua Iguatemi, da qual saiu seu nome. Anos depois, parte da rua seria transformada na Avenida Faria Lima. O projeto original previa também a construção de quatro edifícios residenciais com 120 apartamentos nos fundos do shopping, que foram erguidos em 1969. Pela sua configuração – imóveis entre 280 e 600 metros quadrados –, os condomínios Avignon, Chatel, Dijon e Monfort sempre abrigaram paulistanos com sobrenomes ilustres, como os Montoro e os Matarazzo Suplicy. É lá também, num dos apartamentos maiores, avaliados em 3 milhões de reais, que há dez anos mora o prefeito Gilberto Kassab.

A convivência entre os Jereissati, administradores do Iguatemi desde 1978, e a vizinhança poderosa sempre foi cordial. Bastou o shopping anunciar seu plano de expansão para o relacionamento azedar. Os moradores são contra um espigão de 51 metros de altura (onze andares) que começa a ser erguido bem em frente a seu portão, na Rua Angelina Maffei Vita, onde antes funcionava um posto de gasolina (veja foto com a montagem do prédio projetado). Com uma área de 25.000 metros quadrados, a nova torre será uma espécie de anexo do Iguatemi e deve ficar pronta no início de 2008. Abrigará três subsolos e sete andares de estacionamento, num total de 650 vagas – metade delas vip e com manobrista. Nos outros quatro pavimentos, funcionarão escritórios. “O prédio não estava previsto na inauguração do shopping, mas decidimos ampliar a garagem para garantir mais conforto aos clientes”, manifestou-se por e-mail o presidente do grupo, Carlos Jereissati Filho. Ele não aceitou falar sobre a polêmica.

Enquanto Jereissati quer mais espaço para os carros, seus vizinhos de fundo reivindicam um lugar ao sol. “Quando o prédio ficar pronto, roubará boa parte da vista, do vento e da iluminação do edifício Avignon, que fica em frente à nova obra”, explica um dos síndicos, Jorge Rugitsky, que já encomendou um estudo de insolação a um arquiteto. Para minimizar o problema, eles querem a construção do topo do prédio em degraus, proposta que diminuiria a área total do empreendimento. “Essa técnica facilitaria a circulação do ar e aumentaria a incidência do sol nos apartamentos”, diz o urbanista Cândido Malta Campos Filho. “Ela é bastante usada em Nova York, por exemplo.” O Iguatemi não aceita a idéia.

Outra reclamação dos moradores é o congestionamento que as 650 vagas adicionais provocariam nas imediações. Quando estiver pronta, a nova torre despejará no pico da tarde (das 18h30 às 19h30), segundo levantamento da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), 2 500 veículos por hora na Rua Angelina Maffei Vita. “É um aumento de 40% em relação ao movimento de hoje”, diz a engenheira da CET Silvia Monteiro Sophia. Outro fator que pode contribuir para o gargalo é a diminuição do espaço de circulação entre os muros do edifício-garagem e os do condomínio. Antes da obra, esse vão livre media 12 metros. Passou a ter 3,5.

O impasse virou caso de polícia há dois meses. Segundo os moradores, o shopping quebrou a calçada e a reduziu pela metade sem pedir autorização, diminuindo ainda mais a separação entre os dois prédios. “Isso dificultava a passagem de pedestres e de cadeirantes”, afirma a advogada e síndica do Avignon, Marisa Cardamone. “Registrei boletim de ocorrência para garantir nossos direitos.” O shopping voltou atrás e reconstruiu o passeio. Desde fevereiro os síndicos já se reuniram quatro vezes com os representantes da empresa. Mas até agora, de concreto, só o entra-e-sai das betoneiras. As obras estão a todo o vapor. O alvará para a construção, no entanto, é de 2003 e refere-se a um projeto de um edifício de 21 andares. Em 2006, o shopping entrou com um substitutivo pleiteando a aprovação dessa atual planta. Enquanto o parecer da CET e o da Secretaria de Habitação não saem, o prefeito Gilberto Kassab avisa: “Não vou interferir nessa questão de jeito nenhum”. Na última quinta-feira, a Subprefeitura de Pinheiros fiscalizou a obra, constatou que ela não respeitava o alvará de 2003 e prometeu que vai embargá-la.

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1. Os planos do Iguatemi

• Construir um edifício-garagem de onze andares na Rua Angelina Maffei Vita. Na foto, em montagem, aparece o estacionamento projetado

• Com uma área de 25 000 metros quadrados, o edifício será uma espécie de anexo do Iguatemi e deve ficar pronto no início de 2008

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• Abrigará três subsolos e sete andares de estacionamento, num total de 650 vagas. Nos outros quatro pavimentos, funcionarão escritórios

2. As queixas dos moradores

• Quando o prédio ficar pronto, roubará boa parte da vista, do vento e da iluminação do Edifício Avignon, que fica em frente à obra

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• As 650 vagas adicionais do novo estacionamento congestionariam as imediações. Segundo levantamento da CET, 2 500 veículos a mais por hora devem circular pela Rua Angelina Maffei Vita

• As obras estão a todo o vapor, apesar de o alvará para a construção ser de 2003 e referir-se a um projeto de um edifício de 21 andares. Em 2006, o shopping entrou com um substitutivo pleiteando a aprovação dessa atual planta

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