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Paulistanos fazem consórcio até para colocar silicone

A compra de diversos serviços pelo sistema evolui rapidamente na capital

Por Cristiane Bomfim
Atualizado em 1 jun 2017, 18h06 - Publicado em 6 out 2012, 09h54
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  • Em outubro de 2011, a secretária executiva Sheilla Izsak Skalla, de 25 anos, comprou um consórcio de serviços e começou a pagar prestações mensais de R$ 267,00. Sete meses depois, fez um lance vitorioso na assembleia e ganhou direito a utilizar uma carta de crédito de cerca de R$ 10.000, 00. Usou o dinheiro para realizar um sonho antigo. No início de junho, encarou a mesa de cirurgia para aumentar os seios: implantou 350 mililitros de silicone em cada um deles. “Fiquei sabendo da possibilidade por uma amiga, que também pagou uma plástica dessa forma”, conta. “Achava que isso só funcionava para compra de casas e veículos.” Empolgada, Sheilla não parou por ali. Com casamento marcado para dezembro, ela e o noivo, Eduardo Moraes dos Santos, de 27 anos, fizeram um novo contrato nos mesmos moldes a fim de levantar R$ 7.500,00, destinados a financiar parte da festa.

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    Esse tipo de transação tem conquistado espaço no mercado paulistano. Na cidade, cerca de 2.500 pessoas já aderiram ao sistema para custear itens como cirurgias, viagens, cursos e até pequenas reformas desde que o governo federal autorizou a entrada do segmento de serviços nos consórcios, no início de 2009. Em todo o país, há 15.000 adesões, número ainda pequeno quando comparado aos 4,2 milhões de contratos ativos em junho deste ano para a compra de carros, caminhões e motos. Chama atenção, porém, o potencial do novo sistema. Enquanto o número total de clientes nos contratos em geral aumentou 12,9% de um ano para cá, a procura por essa modalidade de aquisição não material foi de 53,2% no mesmo período.

    Para o presidente da Associação Brasileira de Administradoras de Consórcios (Abac), Paulo Roberto Rossi, o negócio ainda tem grande potencial de crescimento. “O setor de serviços representa 70% do PIB nacional, o que demonstra a possibilidade de evolução do produto”, afirma. As administradoras também acreditam nisso. Se em 2009 as empresas que tinham autorização do Banco Central para operar na área eram apenas três, hoje são 28. “Nossa expectativa inicial de evolução de associadas era de 10% ao ano, mas foi de 50% em 2011”, diz Edna Maria Honorato, diretora do programa do Grupo Magazine Luiza, no qual 5% dos 70.000 contratos vigentes se destinam à compra de passeios, Botox e afins. A vendedora Bruna de Puccio, de 32 anos, faz parte do grupo que aderiu ao modelo. Usou o dinheiro para bancar uma plástica nos seios. “É um investimento que me obriga a economizar, e eu não faria isso sozinha”, explica. Ela começou a pagar o carnê em junho de 2009 e realizou a cirurgia em agosto de 2011, após ser contemplada no sorteio.

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    Operações estéticas representam o item campeão de procura (veja o ranking completo ao fim do texto). O movimento, aliás, está causando polêmica. Em 2008, a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica proibiu os associados de operar pacientes via consórcio. “Lutamos contra a mercantilização do tratamento médico”, justifica Dênis Calazans, secretário-geral da entidade. A regra, no entanto, não inibiu a atividade. “Quando recebe uma carta de crédito, nosso cliente tem o direito de utilizar o dinheiro da forma que preferir”, entende Rossi, da Abac.

    Maria Isabel Cardozo - Matéria Consórcios
    Maria Isabel Cardozo – Matéria Consórcios ()

    Outro serviço muito requisitado são as viagens. Graças ao sistema, a assessora de moda Maria Isabel Cardozo, de 44 anos, programou com onze amigas uma viagem a Turim, na Itália, onde elas participarão em 2014 do World Masters Games, competição poliesportiva voltada a veteranos. “Não fosse o consórcio, muitas não teriam condições de embarcar”, conta.

    Entrar num grupo desses faz mais sentido para as pessoas incapazes de poupar por conta própria. “As companhias embutem nas prestações as taxas de administração”, lembra Fabio Gallo Garcia, professor de finanças da PUC-SP. “Sempre é melhor economizar do que pagar a alguém para gerenciar o seu dinheiro.” Na comparação com um financiamento de banco, no entanto, a modalidade apresenta vantagens. Para custear um item de R$ 5.000, 00 via consórcio, por exemplo, o total gasto após 36 meses será de R$ 6.400, 00. Em um empréstimo numa instituição como a Caixa Econômica Federal, a conta ficaria em torno de R$ 7.500,00.

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    Fonte: Associação Brasileira de Administradoras de Consórcios (Abac)

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