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Confira pontos de encontro paulistanos revelados em delações

Acordos e recebimento de propina ocorriam em locais públicos e sofisticados da capital paulista

Por Redação Veja São Paulo
Atualizado em 19 Maio 2017, 14h39 - Publicado em 18 Maio 2017, 13h49
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  • A prática da delação premiada tem orientado a Operação Lava Jato desde o seu início em 2014. O mecanismo jurídico, usado para desbaratar redes criminosas, ficou novamente em evidência nesta quarta-feira (17) com as gravações do empresário Joesley Batista, dono do frigorífico JBS, um dos maiores processadores de proteína animal do mundo. As declaração afetam diretamente o presidente Michel Temer e o senador Aécio Neves.

    Entre nomes e acusações graves, as delações revelam pontos da capital paulistana onde os envolvidos se encontravam para firmar acordos ou receber propinas.

    Abaixo, alguns deles:

    Hotel Unique

    Em áudio entregue por Joesley Batista à Procuradoria-Geral da República (PGR), o presidente do PSDB, Aécio Neves, pede 2 milhões de reais ao dono da JBS, alegando que precisava da quantia para pagar despesas com sua defesa na Lava-Jato. O diálogo teria acontecido no dia 24 de março no Hotel Unique, no Jardim Paulista, segundo o jornal O Globo.

    Com projeto assinado pelo arquiteto Ruy Ohtake, o edifício localizado na Avenida Brigadeiro Luís Antônio possui 94 acomodações, entre quartos e suítes. A espaçosa suíte presidencial Oasis, de 330 metros quadrados, pode custar até 24 000 reais a diária, com direito a benefícios que vão desde carro de luxo para buscar e levar ao aeroporto, massagem na sala spa e garrafa de champanhe de marca francesa.

    A Loja do Chá – Tee Gschwener

    A mulher do marqueteiro João Santana, Mônica Moura, em seu acordo de delação premiada, diz que recebeu cerca de 5 milhões em espécie em loja de chá do Shopping Iguatemi. Os pagamentos seriam referentes aos serviços prestados por Santana à campanha de reeleição do ex-presidente Lula, em 2006 – esquema teria se estendido também por 2007.

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    A Loja do Chá – Tee Gschwener foi a primeira na capital especializada na venda de chás orgânicos e de granel. Quem comanda a unidade paulista da rede de origem alemã é a gaúcha Carla Saueressig. O estabelecimento oferece uma variedade de mais de 200 tipos de chás, entre brancos, verdes, pretos, de frutas e de flores. Para consumir ali, as bebidas podem ser acompanhadas de doces e salgados.

    Hotel Emiliano

    Segundo delação de Ricardo Pessoa, dono da construtora UTC, o hotel de luxo foi ponto de encontro para conversas e repasse de propina. Entre os nomes revelados pelo empreiteiro durante Operação da Lava Jato está o de Renan Calheiros, político filiado ao PMDB. No local, os dois teriam tratado de doação à campanha de Renan Filho ao governo de Alagoas.

    O Emiliano está localizado no número 384 da Rua Oscar Freire, rua que é um símbolo de sofisticação da cidade, repleto de restaurantes, lojas e galerias. O arquiteto Arthur de Mattos Casas assina aos projetos de ambas as unidades do hotel, em São Paulo e no Rio de Janeiro. Para se ter uma ideia, o hóspede que escolher uma diária na Suíte Emiliano começa desembolsando cerca de 2 600 reais.

    Churrascaria Rodeio

    Em delação premiada, o senador Delcídio Amaral (PT-MS) afirmou ter se reunido com Maurício Bumlai, filho do pecuarista José Carlos Bumlai, preso pela Operação Lava Jato acusado de corrupção e lavagem de dinheiro no esquema da Petrobrás. O ponto de encontro foi o restaurante Rodeio, do Shopping Iguatemi. Ali, o filho de Bumlai teria repassado ao senador 50 000 reais para que ele entregasse ao advogado Edson Ribeiro, responsável pela defesa do ex-diretor da Petrobrás, Nestor Cerveró. O pagamento compraria o silêncio de Cerveró que ameaçava fazer delação premiada.

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    A churrascaria, que surgiu em São Paulo em 1958, é uma das mais tradicionais da cidade. Atualmente possui dois endereços: a matriz, na Rua Haddock Lobo e a única filial, no Shopping Iguatemi.

    IL Barista – Shopping Vila Olímpia
    Segundo informações do colunista Lauro Jardim, de O Globo, o delator Ricardo Saud encontrou o deputado Rodrigo Rocha Loures, indicado por Temer para tratar de assuntos de interesse da empresa, no café para entregá-lo uma quantia de 500 000 reais em propina. Eles seguiram para outro lugar antes de concretizar a ação. A mudança de rota seria uma tentativa de despistar possíveis flagras.

    Ambos teriam combinado um pagamento semanal de 500 000 reais por vinte anos, relativos à uma emenda que favorecia a JBS.

    Em nota, a proprietária do IL Barista, Gelma Franco, afirmou ser contra a corrupção e explicou que não tem controle sobre os clientes que frequentam o local:

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    “Recebi com perplexidade o fato de ver minha marca envolvida no noticiário nacional de corrupção. Somos, desde 2003, considerados um dos melhores cafés especiais do Brasil, com várias unidades; esta, especificamente, localizada em um Shopping Center, local público, de ampla circulação e, por isso, não temos controle sobre os clientes que frequentam nosso ambiente. Aproveito a oportunidade para reforçar nossos valores, baseados na transparência, honestidade e respeito nos nossos relacionamentos com fornecedores, colaboradores e clientes. Cremos que seja mesmo o momento para passar o país a limpo.”  

    Pecorino

    Os dois seguiram para o restaurante nos Jardins e, meia hora mais tarde, se encontraram no estacionamento do Shopping Vila Olímpia novamente. O carro do executivo da JBS tinha uma mala com a quantia, mas o dinheiro não foi entregue a Loures nesse momento.

    O local existe desde 2010 e é especializado em culinária italiana.

    Pizzaria Camelo – Rua Pamplona

    Imagens de câmeras de segurança mostram Loures entrando na pizzaria – uma das mais tradicionais da cidade – sem nenhuma mala nas mãos. Ao sair do lugar, ele aparece carregando uma mala preta. A unidade em em questão ficaria próxima a casa dos pais do deputado, que estaria se hospedando com eles na ocasião.

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