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Startups apostam no compartilhamento de veículos leves na cidade

Eles prometem aumentar a oferta de transporte desse tipo na capital; especialistas em trânsito ainda vêem com ressalva as novidades

Por Sérgio Quintella Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 14 fev 2020, 15h59 - Publicado em 24 ago 2018, 06h00
 (Alexandre Battibugli/Veja SP)
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Não estranhe se você deparar com uma bicicleta ou uma patinete motorizada soltas pelas calçadas nas próximas semanas. Cerca de 23 000 veículos de duas rodas compartilhados desembarcarão nas ruas da capital até dezembro. Ao contrário do que ocorre com as bikes para aluguel disponibilizadas há alguns anos por bancos privados, sempre instaladas em estações fixas, os novos equipamentos não ficam guardados em pontos definidos. Recém-chegada à metrópole, a Yellow é a startup que promete o maior número de bicicletas: 20 000 nos próximos quatro meses.

A operação começou há três semanas com 500 veículos na região da Avenida Brigadeiro Faria Lima. A cada semana, mais 1 500 serão espalhados pela cidade. Por meio de um aplicativo, o usuário verifica quais unidades estão em seu entorno, vai até a mais próxima e fotografa um código de barras localizado atrás do selim, de modo a destravar o dispositivo de segurança. Depois disso, sai pedalando ao custo de 1 real a cada quinze minutos (confira os preços dos serviços abaixo), cobrado no cartão de crédito.

No primeiro dia de funcionamento do serviço, foram contabilizadas 2 000 viagens. Hoje o número é cinco vezes maior. O público-alvo do negócio é o ciclista de pequenos trajetos. “Quem trabalha em regiões com restaurantes caros pode usar a bicicleta para procurar locais mais baratos”, diz Eduardo Musa, ex-CEO da Caloi, que abriu a empresa com Ariel Lambrecht e Renato Freitas, ex-donos da 99 Táxi. O investimento é de 50 milhões de reais.

Yellow
(Reprodução Instagram/Veja SP)

Tão logo a novidade despontou no cenário, no entanto, começaram a pipocar casos de má utilização do serviço. Bikes furtadas foram parar em sites de negócios on-line e algumas reapareceram em cidades muito distantes do ponto de partida. Em um dos episódios mais curiosos, uma transeunte acreditou que um veículo estava simplesmente abandonado na calçada e o levou para casa. Uma equipe da Yellow o recuperou graças a um sistema de GPS implantado no equipamento.

Nas redes sociais, nos últimos dias, fotos de bicicletas destruídas (uma delas estava sem os pneus e outra havia sido jogada em um córrego) ganharam centenas de compartilhamentos. Caso alguém furte um desses veículos, não conseguirá revendê-lo no mercado negro, pois as peças não servem em nenhum outro modelo. “Além disso, a oferta de bike a preço baixo será tão grande que não fará sentido levar a bicicleta para casa”, acredita Musa.

A chegada da Yellow fez a concorrência se movimentar para não perder espaço. Em operação na metrópole há seis anos, a paulistana Bike Sampa, dos veículos de cor laranja do banco Itaú, comprará mais 1 800 bicicletas até o fim do ano para se juntarem às 1 200 atuais. Equipadas com três marchas, elas são direcionadas a trajetos mais longos que os da concorrente amarela, sem câmbio. “Nosso público roda no mínimo meia hora e percorre em média 3 quilômetros por vez”, afirma Tomas Martins, CEO da tembici., empresa que opera o sistema.

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Além das bikes, a Yellow apostará em patinetes elétricas, espalhando 1 000 pela cidade até o fim do ano. Nesse segmento, enfrentará a concorrência de outras duas companhias estreantes. A Ride pretende disponibilizar 300 unidades até outubro, iniciando a operação pela Avenida Brigadeiro Faria Lima, para depois expandi-la por outras áreas, como a Avenida Paulista e a Vila Nova Conceição. “A nossa diferença é que o usuário não chegará suado ao trabalho”, afirma Marcelo Loureiro, sócio ao lado de Guilherme Freire e Paula Nader.

Ride
Guilherme, Paula e Marcelo, da Ride (Alexandre Battibugli/Veja SP)

Com um número menor de veículos, apenas 100, mas 5 milhões de reais em caixa para ampliar essa oferta, a Scoo começou a realizar testes em parceria com empresas privadas, que cederam seus espaços para estacionar os veículos. Nesse sistema, conquistou 500 cadastros em poucos dias. Assim que a empreitada inicial deslanchar, a intenção é oferecer o serviço a shoppings, aeroportos e até a grandes universidades. “O usuário corporativo é nosso filão”, explica o empresário Mauricio Duarte.

Enquanto espalham as patinetes pelas ruas, as empresas acertam os detalhes com a prefeitura. A administração municipal permite a utilização desses equipamentos em ciclovias, desde que circulem a até 20 quilômetros por hora. Por outro lado, ainda não há regulamentação para que fiquem soltos pelas calçadas, como no caso das bicicletas.

“Vamos conversar com os empresários para depois analisar uma legislação”, diz o secretário municipal de Mobilidade e Transportes, João Octaviano Machado Neto. “O objetivo é evitar riscos aos pedestres”, completa. Uma norma específica para as patinetes deve ser elaborada nos próximos dois meses, o que talvez adie um pouco o início das operações.

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Patinete
Patinetes elétricas da Scoo: sem suor (Divulgação/Veja SP)

Outra novidade em duas rodas que chegará brevemente a São Paulo é voltada para quem precisa de mais velocidade. Com um investimento de 3 milhões de reais, a Riba Share começará a operar em outubro com suas primeiras cinquenta scooters elétricas. As motos trafegam a, no máximo, 50 quilômetros por hora e custarão 59 centavos por minuto rodado. Montados em Minas Gerais, os veículos só dão a partida após o motociclista — que deverá possuir carteira de habilitação específica — retirar o capacete acoplado ao banco. Quem gostar da scooter e quiser levá-la para casa poderá comprá-la por 11 000 reais.

Os novos negócios de mobilidade compartilhada se juntam a um de quatro rodas, em funcionamento desde dezembro do ano passado. A Urbano oferece aluguel de sessenta veículos Smart ForTwo e cinco BMW i3, todos elétricos, e viu seu negócio aumentar durante a greve de caminhoneiros, em maio. Ao reforçar o estoque de combustível, fez 600 viagens em um único dia, o triplo da média diária. Cada vez mais em alta, o setor dos veículos compartilhados é visto, por enquanto, com ressalva por especialistas em trânsito. “Ainda não está claro de quem será a responsabilidade se o usuário provocar um acidente”, preocupa-se o presidente da Comissão de Direito Viário da Ordem dos Advogados do Brasil de São Paulo, Mauricio Januzzi.

RIBA Share Foto Alvaro Povoa (1).jpg
A Scooter da Riba Share (Divulgação/Veja SP)

QUANTO CUSTA RODAR

Os preços dos serviços na capital

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Bicicletas

Bike Sampa

Unidades: 1 200 (3 000 até o fim do ano)

Preço: 2 reais por hora

Yellow

Unidades: 2 000 (20 000 até o fim do ano)

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Preço: 1 real a cada quinze minutos

urbano
Smart elétrico da Urbano: 59 centavos e 1,20 real por minuto (Divulgação/Veja SP)

Patinetes

Ride

Unidades: 300 (até outubro)

Preço: 2,50 reais mais 50 centavos por minuto

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Scoo

Unidades: 100 Preço: 1 real mais 25 centavos por minuto

Yellow

Unidades: 1 000 (até o fim do ano)

Preço: 4 reais mais 1 real a cada cinco minutos

Scooters

Riba Share

Unidades: 50 (até outubro)

Preço: 59 centavos por minuto

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