Após uma operação policial realizada nesta sexta-feira (7) para desobstruir ruas no Centro de São Paulo ocupadas por dependentes químicos e por pessoas em situação de vulnerabilidade social, um grupo invadiu e saqueou uma farmácia e um mini-mercado na região da Avenida São João, na capital paulista.
Especialistas têm dito que a intensificação da repressão policial e as notícias de que as autoridades pretendem adotar uma política de internações, além da decisão judicial que permite à prefeitura retirar barracas de pessoas que vivem nas ruas da capital, têm aumentado a tensão entre as pessoas que frequentam a Cracolândia. O movimento Craco Resiste disse que o que ocorreu “foi uma reação às violências praticadas frequentemente pelo Estado contra essa população vulnerável”.
Meu Deus…
Que caos é esse que esta acontecendo na Cracolândia no centro de São Paulo.
🥺😮💨 pic.twitter.com/MZGvqFQQWW— Hermis Barbosa (@hermis182) April 7, 2023
Diversos vídeos que flagraram os saques aos comércios da região central já estão circulando nas redes sociais. Segundo a Secretaria Municipal de Segurança Urbana, a operação policial foi realizada por agentes da Guarda Civil Metropolitana (GCM), Polícia Militar (PM), Polícia Civil e subprefeitura da Sé. A ação de zeladoria que foi realizada na sexta, disse o órgão, é feita“diariamente na região”.
“A GCM atua na proteção dos agentes públicos durante a execução dos serviços municipais, além de também promover a desobstrução das vias públicas, para garantir a livre circulação de pedestres e veículos”, diz a nota da secretaria. A GCM diz que, após as pessoas saquearem produtos da drogaria, a situação foi controlada. A nota informa que não houve confrontos, nem feridos e que ninguém foi detido.
Por meio de nota, a Polícia Militar informou que reforçou o policiamento na área central. “Equipes realizam buscas para localizar os autores das invasões a comércios na área central, ocorridos após ação de zeladoria realizada por agentes da prefeitura na região”, diz a nota que foi enviada pela Secretaria de Segurança Pública de São Paulo. “As imagens veiculadas pela imprensa são analisadas pelas equipes de investigação, que trabalham para identificar e individualizar a conduta de cada um.”
Para pensar em soluções, o movimento Craco Resiste está organizando um seminário, que vai acontecer entre os dias 21 e 23 de abril, em São Paulo. “Por causa disso, nós e uma série de outros coletivos, estamos organizando um seminário para debater essa situação. A situação é séria e temos que debater esses problemas complexos com soluções complexas. Temos que pensar, por exemplo, em um espaço de uso, um lugar em que a gente consiga cuidar dessas pessoas em vez de ficar violentando elas ainda mais”, defende a ativista Roberta Costa.