Fundado em 1º de maio de 1941, o Colégio Bilac, localizado no Jabaquara, na Zona Sul, vai encerrar as atividades no próximo dia 19, data da festa de formatura do ensino médio. Conhecida por fornecer bolsas de estudos para atletas amadores disputarem competições esportivas, sobretudo torneios de futebol de salão, a instituição não suportou a atual crise financeira e nem o alto índice de inadimplência. Lá, as mensalidades variam de 630 reais (educação infantil) a 885 reais (nível médio).
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O diretor da unidade, o professor José Rubens Bueno de Abreu, nasceu dez anos depois de o pai, Amaro de Abreu Filho, abrir a escola. Foi inicialmente batizada de Ateneu Olavo Bilac e não chegará (apenas como Bilac – a mudança de nome ocorreu em 1965) a completar três quartos de século. “Mas tenho certeza de que faremos uma grande festa de 100 anos”, afirma Rubens, esperançoso de que o fechamento será temporário. “Protocolei na Diretoria de Ensino um pedido de suspensão de três anos. Até lá a gente vai encontrar um investidor e voltar a atuar. Será uma parada técnica.”
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José Rubens Bueno de Abreu garante que a escola não tem dívidas nem processos trabalhistas e vai arcar com a dispensa dos 54 funcionários. Segundo ele, se os cerca de 245 alunos quitassem as contas em dia, o colégio não fecharia. “Tem pai que faz a matrícula, mas fica o ano todo sem pagar. No ano seguinte, faz acordo, paga a primeira mensalidade e depois não paga mais. Aí, é só na Justiça”, reclama.
Incentivo para o esporte
Entre os anos 80, 90 e 2000, a escola abrigou alunos – alguns carentes -, bons de bola, que levavam o nome da instituição para as competições que disputavam. “Passou muita gente boa aqui, como o Dener (meia, ex-Portuguesa e Vasco, morto em 1994), o Magrão (volante, ex-Palmeiras e São Caetano) e o Gilmar (zagueiro bicampeão do mundo pelo São Paulo em 1992 e 1993 e com passagens por Palmeiras e Cruzeiro)”, diz. A escola venceu dez vezes a tradicional Copa Jovem Pan de futsal, famosa por revelar jovens promessas, como o ex-volante Zé Elias, do Corinthians, que atuava pelo Colégio João XXIII, da Penha.
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Enquanto o diretor da escola contabiliza as perdas, relembra as glórias do passado e sonha com um futuro mais próspero, alunos que praticamente nasceram no Bilac vão precisar buscar outro lugar para estudar. É o caso da Marianne Soares, de 14 anos, que já se despediu dos amigos, muitos dos quais estavam juntos desde o maternal. “Nossas aulas já acabaram. O último dia foi muito triste. Mas a vida continua”, diz. A perda para ela será dupla, pois, como moradora vizinha da escola, estava habituada com o agito da garotada. “Vou sentir falta do sinal batendo e das pessoas na porta da minha casa.”