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OLÁ,

Claudio Goldman diz estar cansado de imitar mulheres

Filho do governador mescla música erudita e popular em show

Por João Batista Jr.
Atualizado em 5 dez 2016, 18h32 - Publicado em 15 out 2010, 23h07

Em processo de transformação. É assim que se define o músico Claudio Goldman. Até então conhecido por imitar timbres de cantoras como Gal Gosta e Tetê Espíndola, aos 48 anos o filho mais velho do governador de São Paulo, Alberto Goldman, decidiu mudar o foco de sua carreira. Tem como objetivo quebrar o estigma de que seu talento se resume em imitar (muito bem) mulheres. “Não quero mais fazer malabarismos circenses com minha voz”, conta ele, enquanto toca composições de Chopin (1810-1849) no piano de sua casa, na Vila Sônia. Para isso, criou um repertório em que mescla música erudita com elementos da cultura popular brasileira. O resultado pode ser conferido no show marcado para quarta (20) no Bourbon Street, em Moema. A ópera ‘Don Giovanni’, de Mozart (1756-1791), virou um xote nordestino. A ‘40ª Sinfonia’, também do compositor austríaco, ganhou batuques de samba. Segundo Claudio, essa mistureba lhe dará a oportunidade de ser popular e sofisticado ao mesmo tempo.

Embora ele hoje pareça decidido, a música não foi sua primeira opção de sustento. Ingressou sucessivamente nos cursos de jornalismo, economia e composição e regência, sem concluir nenhum. “Nunca fui um aluno disciplinado”, confessa. Na adolescência, chegou a ser reprovado no antigo colegial. “Na verdade, tentei algumas carreiras ditas sérias porque queria imitar meu pai.” Quando ele tinha 8 anos de idade, Alberto Goldman abandonou a profissão de engenheiro para se dedicar à política. No período de entra e sai de faculdade, Claudio trabalhou na Secretaria de Estado da Cultura, no Banespa e na Companhia Energética de São Paulo (Cesp). Entrou para o mundo artístico aos 28 anos, como cantor de jingles do mercado publicitário. Os primeiros trabalhos foram para a Coca-Cola e a Pepsi — as empresas concorrentes não sabiam que dividiam a mesma voz nas propagandas da TV e do rádio. Para a rede McDonald’s, Claudio musicou comerciais veiculados aqui e na Rússia. “Lembro as letras de cor”, diz, orgulhoso, para em seguida cantarolar na complicada língua do camarada Stalin. Recorda que tirava o equivalente a 4 500 reais por mês em 1990.

Três anos depois, quando fazia um show na extinta boate Scandal, da empresária da noite Lilian Gonçalves, foi descoberto pelo apresentador Ronnie Von. “Naquela época, o que eu mais queria era ser galãzinho e fazer sucesso.” Seu pai era o ministro dos Transportes do governo Itamar Franco. Entre um barzinho e outro em que se apresentava, conheceu sua mulher, Marcia, então dançarina de lambada da casa noturna Reggae Night — ela hoje trabalha como assistente social na Subprefeitura do Butantã. “O Claudio ficava no meu pé”, conta, com um sorriso de canto de boca. “De tanto insistir, acabei me apaixonando.” Três meses após o encontro, a dupla já estava morando junto. Eles tiveram duas filhas, Isabella, de 17 anos, e Isadora, de 13. As meninas seguem a doutrina católica da mãe. Mesmo não praticante, Claudio orgulha-se de ser judeu de origem polonesa e húngara. “Fui cantor litúrgico do clube A Hebraica entre 2001 e 2009.”

Formado pianista em conservatório, o governador derrete-se em elogios ao filho. “A voz dele é simplesmente extraordinária”, diz. “Embora não tenha aprendido comigo, certamente eu o influenciei a tocar piano.” Claudio é o mais velho dos cinco filhos de Goldman — três do primeiro casamento, com a artista plástica Sara Belz, e dois do segundo, com a atual primeira-dama, Deuzeni. Toda a família costuma se encontrar aos domingos para rodadas de pizza. Antes de assumir o Palácio dos Bandeirantes, em abril, o patriarca reunia a prole nos fins de semana no sítio que tem na cidade de Itatiba, a 89 quilômetros da capital. “Hoje, meu pai quase não tem tempo livre.” Vaidoso, Claudio faz as unhas regularmente e já realizou dois implantes de cabelo. No momento, não pratica atividade física. Também evita bebida alcoólica. “Preservo meu maior bem: a voz.”

 

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