A carcaça de um veículo que estava na região da represa Atibainha, do Sistema Cantareira, e se tornou conhecida como “símbolo” da crise hídrica, é parte de um carro roubado há 20 anos. O objeto ficou conhecido depois de ser grafitado pelo artista paulistano Mundano, que pintou no objeto a frase “Bem-vindo ao Deserto da Cantareira”.
+ Sem chuva, Cantareira fica estável pelo segundo dia seguido
Pelo número do chassi, a polícia identificou um boletim de ocorrência do roubo, que ocorreu em 2 de abril de 1995, registrado no 74ºDP – Parada de Taipas, em São Paulo. O “veículo” foi apreendido no mês passado e sua dona, hoje com 53 anos de idade, deverá ser informada pelas autoridades sobre o episódio. O nome da proprietária não foi divulgado.
+ Cantareira tem fevereiro mais chuvoso em 20 anos
O caso nunca foi resolvido e, de acordo com a Secretaria de Segurança Pública (SSP), a carcaça não trouxe nenhum indício que permitisse novas investigações. A polícia já sobrevoou a represa, que fica em Nazaré Paulista, interior de São Paulo, e não encontrou outros veículos abandonados. Desde o ano passado, 31 carros foram retirados do local.
“Quem levou?”
Mundano, de 29 anos, não sabia que o objeto tinha sido apreendido pela polícia. No mesmo dia em que constatou o desaparecimento do carro, voltou ao local e pintou uma réplica em uma das pilastras da represa. O desenho serviria, assim como a carcaça, para “medir o volume da água na represa”. Ao saber pela reportagem que a carcaça era de um automóvel roubado, quis saber mais. “Onde ele está? Quem levou?”, questionou o artista, que disse ter criado certa “afinidade” com toda a história.
“Tinha que ter um medidor mais acessível para a população saber o nível da água. O carro serve para essa referência”. Além do grafite, ele também plantou cactos com torneira ao lados dos espinhos no local e agora promete uma nova intervenção artística. Mundano e outro grafiteiro, que atende apenas por Mauro, preparam uma exposição com garrafas, pedaços de lata e outros objetos encontrados na represa, todos pintados. “Como ativista do meio ambiente, procurei uma forma mais de interessante de mostrar como tudo está lá”.