Após sofrer um grave acidente de moto e ficar em coma, em julho de 2016, Caio Ferrero Branco, de 23 anos, se recupera de um traumatismo cranioencefálico com apoio da família, amigos e uma rede de mais de 8 000 pessoas na página no Facebook “Caio na Real”, onde são publicados registros diários de seu tratamento.
Para ajudar nas despesas que, a cada três meses, totalizam 100 000 reais, os parentes criaram uma campanha na plataforma Kickante. Até o momento, receberam 849 doações que somam mais de 86 000 reais (86% da meta). Faltam dez dias para encerrar o prazo.
O acidente aconteceu quando o jovem, formado em administração, bateu a moto que dirigia em um táxi estacionado na rua. Ao cair, seu capacete se soltou sozinho. O rapaz bateu com a cabeça no asfalto e ficou inconsciente.
“Aí começou o inferno”, conta a sua mãe, a decoradora de festas Márcia Ferrero, de 53 anos, moradora de Moema, Zona Sul de São Paulo. “Ele chegou ao hospital completamente inconsciente, não sabia se ia vencer, tinha perdido 45% da massa encefálica.”
Após passar por uma operação de alto risco, ficou em coma e 58 dias internado no Hospital Santa Paula, na Vila Olímpia. Nessa época, também sofreu com inchaço cerebral e precisou remover parte do crânio para aliviar a pressão.
“Uma hora ele tinha febre, depois melhorava… Sofreu com todos os problemas possíveis”, disse Márcia. “Foi muito difícil, diziam que não tinha mais o que fazer no hospital, mas a gente conversava muito com ele, mesmo em coma. Repetia: ‘Volta, Caio. Volta’”.
A irmã de Caio, que na época morava no Canadá, regressou para prestar apoio. O hospital vivia cheio. Algumas pessoas perguntavam se ali estava internado algum famoso. “Depois de um tempo, ele começou a voltar”, disse a mãe. “Os médicos diziam que ele provavelmente ia ficar sem memória, não ia falar, andar, se mexer, mas foi o contrário. Ele voltou consciente”, comemora. “O médico disse que não ia falar mais nada porque aquilo era impressionante.”
Aos poucos, Caio recuperou parte da fala e dos movimentos e voltou a respirar sozinho. Deixou o hospital em setembro do mesmo ano, mas, devido a uma pneumonia, ficou internado por mais vinte dias. Hoje, vive com a mãe e irmãos.
“A gente resolveu não acreditar no que os médicos falavam”, explica a mãe. “Eu dava caldo de feijão escondido, açaí, mesmo quando diziam que ele não podia comer. Quando ele voltou pra casa, decidimos tratá-lo como ele era.”
No momento, a família enfrenta dificuldade para pagar o tratamento que envolve um batalhão de especialidades como fisioterapia, fonoaudiologia, hidroterapia… Faz rifas, promove eventos beneficentes e pede compartilhamentos da história dele, na esperança de atingir mais doadores. “A gente foi tratando, fazendo aos poucos até uma hora que não deu mais, não temos mais para onde correr”, disse Márcia.
“Muitas mães que passam por essas situações perguntam o que fazer. Tem gente que liga porque marido sofreu AVC, e ele não fala e eu digo ‘estimula, estimula, ele vai voltando’”.
“Aqui todo mundo é positivo, quando vem alguém que é baixa astral, a gente não deixa passar da porta. A gente o poupa de qualquer coisa, para ter força”, disse. “Para o Caio, tudo vai dar certo.”