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Caio Blat: ator na nova safra do cinema nacional

Em cartaz quase simultaneamente em quatro dos filmes nacionais mais comentados, o ator lançado à fama pela TV torna-se também o astro brasileiro que diverte e pretende fazer pensar

Por Thales Guaracy
Atualizado em 5 dez 2016, 19h26 - Publicado em 18 set 2009, 20h32

Sobretudo depois de Cidade de Deus, os filmes com preocupações políticas e sociais ganharam novo impulso no Brasil — e um astro. Neste ano, Caio Blat foi protagonista de três das mais faladas produções nacionais de cinema, feitas não apenas para entreter, mas com a pretensão de fazer pensar. Quase simultaneamente, Blat esteve em cartaz com Batismo de Sangue, baseado no livro-reportagem de Frei Betto, no qual interpretou Frei Tito, enlouquecido devido à tortura; Baixio das Bestas, sobre a exploração da mulher, o coronelismo e a monocultura na Zona da Mata pernambucana; e Proibido Proibir, retrato da juventude estudantil, que ele considera seu filme “mais pessoal”, até pela contribuição dos jovens atores em sua concepção. Ao mesmo tempo, O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias, em que ele fez também um líder estudantil em luta contra a ditadura, lançado em 2006, disputa uma vaga de melhor filme estrangeiro no Oscar.

“Nem estão me convidando mais para filmes só de entretenimento”, diz ele, que entrou nessa seara em Carandiru. “Acho que ator tem mesmo o dever de mergulhar nas histórias importantes e fazer um papel de mensageiro.” Blat segue o figurino na vida real. Calças jeans meio arriadas, sandálias, camisa solta e uma bolsa de pano a tiracolo, ele pode ser visto circulando por livrarias na região da Avenida Paulista, onde mantém um apartamento, muitas vezes em pesquisa para seu trabalho. Passou boa parte de 2007 promovendo os filmes em festivais, como o de Roterdã, no qual Baixio das Bestas recebeu o prêmio máximo, e o de Miami, no qual ele recebeu o troféu de melhor ator no Festival de Cinema Brasileiro. Agora, começa a filmar Bróder, do diretor Jeferson De, que discute o racismo de uma perspectiva diferente: no filme, Blat fará “um branco que quer levar a vida de negro”. De modo a mergulhar na realidade do personagem, Blat decidiu mudar-se para o Capão Redondo (na foto), zona das mais violentas da periferia da cidade, escolhida como locação.

Levado à fama pelas novelas da Rede Globo, ele faz também o caminho do teatro. Em meados deste ano, estreou a peça Chorinho, na qual interpreta um mendigo que se aproxima na rua de uma “burguesa”, como ele define. Com o Espaço Parlapatões superlotado, pretende retomar a peça em janeiro em um lugar maior (o Teatro Imprensa). Blat decidiu fazer Chorinho para trabalhar novamente com o diretor Fauzi Arap, com quem já montara quatro anos atrás O Mundo É um Moinho. “O Fauzi é um diretor antigo, que vem do Teatro de Arena, e se manteve puro”, diz. “Ele mudou minha vida, minha cabeça, porque não tive formação de ator.” Recém-casado oficialmente com a atriz Maria Ribeiro, com quem já vivia fazia dois anos, ele não tem dúvida sobre 2007. “Este foi o ano mais genial da minha carreira e da minha vida”, diz. “Pode escrever.”

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