Olívia Maria morava na rua quando foi atropelada. Até hoje está se recuperando das sequelas do acidente. Outros sem-teto como Bolinha e Rufos também passaram por maus bocados até encontrar um novo lar no sábado (28), na feira de doação promovida em Santana pelo Centro de Controle de Zoonoses (CCZ). Em termos de resultados práticos, foi a experiência mais bem-sucedida já realizada pela entidade. Ao fim do dia, de um total de 420 animais exibidos, 84 deles haviam saído de lá e ido direto para as residências de seus novos donos.
A administradora Beatriz de Oliveira Souza encantou-se com a vira-lata Olívia Maria, que estava com um protetor ao redor do pescoço para não lamber a ferida da pata machucada. “Em pouco tempo, ela ficará bem”, dizia. Os trigêmeos Bárbara, Leonardo e Lorenzo, de 6 anos, vibraram com o esperto cachorro Bolinha. “Vai ser uma ótima companhia para as crianças”, avaliava a mãe delas, a consultora de moda Danielle Ferraz. Um dos poucos filhotes disponíveis, Rufos virou o pet das irmãs Stefanie e Marina Kanzian, de 17 e 16 anos, respectivamente, que perderam há poucas semanas o cachorro de estimação em razão de uma doença. “Um novo bichinho sempre enche a casa de alegria”, afirmava Stefanie.
Cida Souza
Os trigêmeos Bárbara, Leonardo e Lorenzo e a administradora Beatriz: test drive antes de decidir levar os pets para casa
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Normalmente, os eventos do gênero enfrentam obstáculos que afastam muitos dos interessados. O principal é a idade dos bichos — a maioria tem mais de 1 ano. A festa promovida recentemente pelos profissionais do CCZ encontrou formas criativas de aproximá-los de potenciais donos. Foi criada, por exemplo, uma espécie de test drive para as pessoas interagirem um pouco com os bichos. Os interessados na adoção tinham o direito de dar uma volta com o animal antes de decidir levá-lo ou não para casa. Para animar a turma, os organizadores ofereceram aos presentes pipoca, algodão-doce e um espaço para pintura facial das crianças. Durante o dia, também ocorreram dois desfiles de meia hora, no qual os visitantes se divertiram com os modelos de quatro patas vestidos com gravatas, chapéus e laços na cabeça. “Todo esforço vale a pena quando encontramos um abrigo definitivo para eles”, afirma Ana Claudia Furlan Mori, gerente do CCZ.
Cida Souza
O evento em Santana: cães desfilaram como modelos
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Em média, dois novos hóspedes entram no serviço por dia. Mesmo depois da feira realizada em Santana, o local registra um saldo de mais de 400 animais. Para tentar diminuir a população, a administração pretende mudar a periodicidade do evento, transformando-o de anual em mensal. O próximo deve ocorrer até o fim deste mês. Antes de serem oferecidos ao público, os bichos recebem vacinas e outros tratamentos veterinários. Alguns, como os pit bulls, passam por um processo mais rigoroso. Quem se interessa por um deles recebe a visita de um dos funcionários, que checa se a pessoa tem estrutura para cuidar do cachorro. Entrevistas prévias também são realizadas com candidatos a levar os gatos pretos. “Redobramos a atenção às vésperas do Dia das Bruxas e da sexta-feira 13”, afirma Ana Claudia. A preferência é que eles caiam nas mãos de pessoas como a pequena Vitória Ferreira Galvão Dias, de 11 anos, que virou a dona da gata Marie. “Estou muito empolgada, é meu primeiro bichinho”, contava a menina, radiante.
O SALDO DAS VENDAS
420animais oferecidos no início da feira
45
gatos foram adotados
39
cães também ganharam um dono