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OLÁ,

A verdadeira história do bruxo da República

Gilberto Vasconcelos cata latinhas para sobreviver, se considera um 'mago' e chama atenção pela semelhança com o personagem Dumbledore, de Harry Potter

Por Ricardo Chapola
28 fev 2019, 09h50
Gilberto Vasconcelos mora na rua há dez anos e cata latinha para sobreviver (Ricardo Chapola/Veja SP)
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É difícil encontrar um comerciante na região da praça da República, no centro de São Paulo, que não conheça, pelo menos de vista, um distinto morador de rua que perambula para lá e para cá todos os dias com seu chapéu de bruxo na cabeça.

Ninguém sabe o verdadeiro nome dele. O que todos afirmam apenas é que o homem cata latinhas pelo bairro. Nesta quarta-feira (27), a VEJA SÃO PAULO foi até a República para tentar encontrá-lo. A reportagem andou por lá e não localizou o tal “bruxo”. Também perguntou sobre ele a alguns donos de empreendimentos da região, mas nenhum deles soube informar por onde ele andava. “Faz um mês mais ou menos que não o vejo por aqui”, disse o dono de uma banca em frente ao edifício Copan que não quis se identificar.

Quando a reportagem estava pronta para ir embora, eis que o bruxo aparece, com a barba branca, óculos e um chapéu todo remendado. “A vida é uma mágica”, disse o senhor.

Seu nome é Gilberto Vasconcelos, de 58 anos. Nascido em Itajubá, em Minas Gerais, seu Giva, como é conhecido pelos amigos, mora na rua desde 2009 catando latinhas para sobreviver.

Vasconcelos, no entanto, faz questão de dizer que é um mago. “Eu transformo latinha vazia em latinhas que ficam cheias depois. Olha que mágica”, afirmou o homem, com várias semelhanças a Alvo Dumbledore, um dos bruxos do filme Harry Potter. “Todos nós somos mágicos. Só assim a gente consegue sobreviver”.

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Enquanto cata latinhas, Vasconcelos diz que costuma ser abordado para posar para fotos com as pessoas. “Sempre me param. Acho que é por causa do chapéu, né?”, afirmou.

O chapéu que lhe rende a fama, aliás, foi um presente que herdou de um amigo. Vasconcelos não se lembrava do nome dele, mas disse que o homem fazia malabarismos nos faróis. “Era meu camarada. O chapéu passou por várias pessoas. Até parar na minha cabeça”, disse.

Bem-humorado, o mago da República diz que poucas coisas o tiram mais do sério do que quando o chamam de “papai noel”. “Quando falam isso eu fico p… E responto: ‘é bruxo’, c…'”, relatou.

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Todos os dias, Vasconcelos disse que consegue faturar cerca de 15 reais com a venda de latinhas, trabalhando todos os dias. Viver na rua foi uma decisão sua, depois de ter tido uma frustração no seu último emprego como faxineiro no edifício Metrópole, no centro da capital. “Eu queria ficar longe da sociedade. Por isso fui para a rua e virei mago”, afirmou.

Vasconcelos deixou para trás sua ex-mulher e três filhos. Atualmente, só mantém contato com os filhos, visitando-os quando tem vontade.

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