Brutalismo foi destaque na São Paulo da década de 60; conheça 5 obras icônicas

Construções como o Masp e a Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da USP pertencem a movimento que entrou em evidência com filme indicado ao Oscar

Por Laura Pereira Lima
Atualizado em 18 mar 2025, 15h54 - Publicado em 18 mar 2025, 08h00
Vista dos edificios Pietro Maria Bardi e Lina-Bo-Bardi
Vista dos edificios Pietro Maria Bardi e Lina-Bo-Bardi (Leonardo Finotti/Divulgção/Divulgação)
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O brutalismo voltou aos holofotes com “O Brutalista”, filme de Brady Corbet indicado ao Oscar de Melhor Filme neste ano. O longa não apenas explora a trajetória de um arquiteto húngaro que emigra para os Estados Unidos fugindo da guerra, mas também faz do brutalismo um personagem essencial, presente em suas obras imponentes de concreto aparente.

Attila (Alessandro Nivola) e László (Adrien Brody) em cena de 'O Brutalista'
Attila (Alessandro Nivola) e László (Adrien Brody) em cena de ‘O Brutalista’ (Universal Pictures/Divulgação)

A relação entre o movimento arquitetônico e os traumas da guerra não é coincidência. O brutalismo surgiu em um cenário de escassez de materiais e de reavaliação estética após os horrores do conflito, especialmente dos campos de concentração. “A ideia do brutalismo é reduzir a arquitetura aos seus elementos mais primários e necessários, sem elementos decorativos”, explica Mônica Junqueira de Camargo, professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo e Design da USP (FAU-USP).

O concreto aparente passou a ser uma das marcas do movimento, já que o revestimento, imprescindível até então, representava um custo adicional e supérfluo. O aspecto estrutural também passou a ser valorizado, com instalações hidráulicas e elétricas deixadas em evidência.

Nos anos 50, São Paulo também aderiu ao brutalismo, ancorado por grandes nomes como Paulo Mendes da Rocha e Vilanova Artigas e ficou eternizado em obras icônicas como o Masp – que inaugura novo edifício na sexta (28) — e o prédio da FAU-USP.

A São Paulo brutalista

O brutalismo se espalhou pelo mundo inteiro, mas São Paulo tornou-se um polo desse tipo de construção. Apesar de a primeira obra brutalista ter sido construída no Rio – o Museu de Arte Moderna, por Affonso Eduardo Reidy – foi aqui que o movimento fincou raízes.

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“Os arquitetos de São Paulo tinham tradicionalmente uma ligação muito forte com as questões construtivas, porque os primeiros cursos de arquitetura surgiram dentro das escolas de engenharia”, explica Mônica, ressaltando que, no Rio de Janeiro, a arquitetura pertencia à área de Belas Artes. “Aqui valorizava-se muito os aspectos construtivos”, completa.

Além de Artigas e Mendes da Rocha, nomes como Carlos Millan, João De Gennaro, Ruy Ohtake, Joaquim Guedes e Pedro Paulo de Melo Saraiva deixaram sua marca na paisagem brutalista da cidade.

 

O brutalismo de São Paulo também carregava uma missão ética: a criação de espaços de convivência e a união entre público e privado. Um exemplo disso é a FAU, que possui uma estrutura completamente aberta. Os grandes vãos são outra característica do brutalismo paulista. “O brutalismo de São Paulo soube tirar proveito das nossas condições climáticas. A FAU, por exemplo, não seria possível na Finlândia, onde chega a -20 graus”. A ventilação cruzada também é uma preocupação fundamental no clima brasileiro e que passou a ser incorporada ao movimento. 

Confira cinco construções ícones do brutalismo paulista:

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Masp, Lina Bo Bardi

MASP (1971), de Agostinho Batista de Freitas, na coletiva 'Histórias do Masp'
MASP (1971), de Agostinho Batista de Freitas, na coletiva ‘Histórias do Masp’ (Divulgação/Divulgação)

Inaugurado em 1968, o Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (MASP) é um dos maiores exemplos da valorização da estrutura na arquitetura brutalista. Seu vão livre de 74 metros permite que a construção pareça flutuar sobre a avenida. “É tudo muito à vista, incluindo as instalações hidráulicas e elétricas. Eles tiram proveito disso para a estética do edifício”, ressalta Mônica.

FAU-USP, Vilanova Artigas

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(Marcos Santos/ USP Imagens/Reprodução)

A Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP, inaugurada em 1969, é um espaço de circulação contínua. “É um edifício que não tem portas. Você vai do estacionamento até a última sala de aula sem passar por nenhuma porta”, afirma a professora, destacando a preocupação com integração entre público e privado.

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Garagem de Barcos do Santa Paulo Iate Clube, Vilanova Artigas

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(Raul Juste Lores/Veja SP)

Localizada às margens da Represa de Guarapiranga, em São Paulo, a construção foi projetada para armazenar e facilitar o transporte de embarcações do clube, e se destaca por sua solução inovadora e expressiva. “É um desafio estrutural. É apoiado em polias metálicas”, aponta.

Paroquia Santa Maria Madalena e São Miguel Arcanjo, Joaquim Guedes

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(Instagram/Reprodução)

A Igreja na Vila Madalena é uma das construções pioneiras do brutalismo em São Paulo. Foi projetada por Guedes em 1956 e concluída em 1963.

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MuBE, Paulo Mendes da Rocha

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(Victor Affaro/Veja SP)

O Museu Brasileiro da Escultura e Ecologia (MuBE), projetado por Paulo Mendes da Rocha nos anos 1980, mantém a essência brutalista ao ser concebido como uma grande viga. Sua estrutura valoriza o espaço aberto e a integração com a paisagem urbana, reforçando a estética brutalista mesmo em um período posterior ao auge do movimento.

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