Uma reportagem publicada no The Wall Street Journal mostrou uma explosão no número de mulheres brasileiras que procuram bancos de esperma nos Estados Unidos. De acordo com o jornal americano, a importação de material genético americano aumentou 3.000% nos últimos sete anos.
Embora mais da metade da população brasileira se declare negra ou parda, o perfil mais procurado tem pele e olhos claros. O texto cita um doador de “olhos diamante”, cabelo loiro e “algumas sardas no rosto” como um dos mais requisitados em banco de Seattle por “mulheres ricas do Brasil que estão importando o DNA de jovens norte-americanos em números sem precedentes”.
Um exemplo é a atriz Karina Bacchi, que teve o filho, hoje com sete meses, com sêmen de um doador americano loiro e dos olhos azuis. À época, ela afirmou que buscava material genético parecido com o dela, também loira de olhos claros.
Dados da Anvisa revelados pelo WSJ revelam que mais de 90% do material importado é de doadores brancos, enquanto a preferência por olhos azuis ultrapassa os 50%. Os cabelos castanhos lideram a lista, com 63,5%. Em 2016, os casais heterossexuais eram 41% dos compradores, seguidos por mães solteiras (38%) e casais lésbicos (21%).
Para explicar a alta na procura, a reportagem cita a política de “branqueamento” dos séculos 19 e 20 e o “racismo persistente” no Brasil. “Em uma sociedade racialmente partida, ter pele clara é muitas vezes visto como um modo de dar melhores oportunidades à criança, de salários mais altos a tratamento mais justo pela polícia“.
Outra reclamação dos casais e mães solteiras é a falta de informações no perfil dos doadores brasileiros. Os bancos americanos fornecem informações de estilo de vida, formação, gostos pessoais e testes para doenças genéticas. Por aqui, os bancos são proibidos de comprar sêmen e o cadastro é bem menos detalhado.