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“Borboleta Azul” mostra mulheres que sonham em ter outra vida

Diferente de "Cine Camaleão — A Boca do Lixo", novo espetáculo do Pessoal do Faroeste prima pelo minimalismo

Por Dirceu Alves Jr.
Atualizado em 5 dez 2016, 16h59 - Publicado em 4 ago 2012, 00h51
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  • Ao sair da Rua Mauá, praticamente ao lado da Sala São Paulo, e entrar na Rua do Triunfo, depara-se com a Sede Luz do Faroeste. Parece ironia o fato de o agradável e bem decorado espaço da Cia. Pessoal do Faroeste estar situado num pedaço hostil da região da Luz, onde se podem encontrar dezenas de remanescentes da Cracolândia. Mas basta atravessar a porta do teatro para o espectador ser transportado para um lugar distante dali e impreciso, no qual a magia é quebrada apenas por um ou outro barulho da rua.


    + Leia o blog de Dirceu Alves Jr.

    Ambientado em uma área rural do Brasil, o drama “Borboleta Azul”, escrito e dirigido por Paulo Faria, buscou elementos em trechos do romance “O Estrangeiro”, de Albert Camus — nota-se também a influência da obra de Guimarães Rosa. A plateia, porém, é conquistada pela sensível abordagem, dispensando as referências intelectuais. Em uma pista, ladeada por arquibancadas, surge o simples cenário para reproduzir uma pensão sempre às moscas. Por lá moram a amarga Cora (papel de Juliana Fagundes) e a filha caçula, Belbelita (a atriz Thais Aguiar), ansiosa por mudar de vida. Além de clientes para ocupar os quartos, as duas aguardam uma visita. Há três décadas, a mãe vendeu seu primogênito sonhando que ele enriquecesse e voltasse para buscá-las. Um misterioso hóspede, Rafael (o ator Beto Magnani), com uma mala cheia de dinheiro, talvez ofereça a chance de elas deixarem a cidade ameaçada pela construção de uma usina.

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    Diferente da estética kitsch de “Cine Camaleão — A Boca do Lixo”, a bem-sucedida peça anterior do Pessoal do Faroeste, o espetáculo prima pelo minimalismo. Juliana Fagundes impressiona na pele de Cora, transitando pela ambiguidade, o rigor e até a perversão. A direção dosa com cuidado o brilho dos atores. Igualmente dúbia, a Belbelita de Thais Aguiar mescla ambição, sensualidade e o cansaço diante da rotina. Mais previsível do trio — em função do personagem —, Magnani compensa na intensidade de Rafael. Mesmo sem surpreender, a dramaturgia prende por enfocar seres com conflitos bem desenhados. E, de quebra, mostra a persistência do grupo em tentar levar a plateia a um canto da cidade evitado por muitos.

    AVALIAÇÃO ✪✪✪

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