Com 68 anos de funcionamento, o Belas Artes _ que anunciou que encerrará suas atividades no próximo dia 27 _ marcou a vida de muitos amantes de cinema.
Para lembrar grandes momentos, selecionamos cinco críticos para saber qual foi o filme mais marcante que assistiram no complexo de salas na esquina da Rua da Consolação com a Avenida Paulista. Confira:
Amir Labaki – articulista da “Folha de S.Paulo“
“Casanova e a Revolução”, de Ettore Scola
“De Repente Num Domingo”, de François Truffaut
“As duas recordações mais fortes que tenho do Belas Artes são ambas ligadas a cenas finais – e a grandes mestres do cinema europeu. A primeira é a de assistir “La Nuit de Varènnes” de Ettore Scola, aqui didaticamente rebatizado como “Casanova e a Revolução”. Por razões de arquitetura, a saída da sala, de chofre ao ar livre, rimava com o estupendo final do filme.
A segunda é de despedida. O último filme de François Truffaut, “De Repente Num Domingo”, foi aqui lançado postumamente, em fins de 1984. Fui assistir à primeira projeção para público no Belas Artes e jamais esqueci do impacto de outro final, com os pés de crianças brincando, que remetia diretamente ao primeiro filme dele, “Os Incompreendidos”, como que fechando um circulo. Depois de ter assistido ali à estreia de inúmeros Truffauts (A Mulher do Lado e O Último Metrô, principalmente), aquela sequência era um verdadeiro adeus. Nunca mais veríamos um novo filme de Truffaut. Não havia melhor endereço para conhecer seu testamento.”
Inácio Araújo – crítico da “Folha de S.Paulo“
“Don Giovanni”, de Joseph Losey
“O filme é uma ópera, e eu nunca gostei do estilo, muito menos naquela época (década de 70). Fiquei maravilhado com a história, com a filmagem, que me marcou muito. O Belas Artes, em outros tempos, era um cinema e as outras atrações que tinham ao redor e hoje não existem mais.”
Isabela Boscov – crítica de VEJA
“O Iluminado”, de Stanley Kubrick
“Assisti ao filme na sala Portinari, antes da reforma que dividiu as três originais em outras mais. Fomos eu, minha irmã e mais dois amigos, e ninguém teve coragem de ir dormir depois.”
Marina Person – cineasta e apresentadora de TV
“Amarcord”, de Federico Fellini
“Foi o primeiro filme que vi no Belas Artes. Era bem adolescente, tinha 14 anos. Ele me marcou por ser um filme diferente dos americanos. Era italiano, meio maluco, não entendi nada, mas achei super novo.”
Miguel Barbieri Jr. – crítico de VEJA SÃO PAULO
“Os Amantes”, de Louis Malle
“Talvez a passagem pelo Belas Artes que mais tenha me marcado foi quando vi este filme, em uma reprise em 11 de setembro de 2001. Sim, isso mesmo. Saindo de lá numa sessão para a imprensa pela manhã, fiquei sabendo que o World Trade Center havia vindo abaixo por causa de um desastre aéreo. Foi realmente uma data para não esquecer”