Moradores de prédios vizinhos à Lanchonete da Cidade, localizada na Alameda Tietê, nos Jardins, região nobre da capital, começaram a reclamar do barulho provocado por uma espécie de exaustor, instalado sobre o telhado da loja. Parte da vizinhança tentou desde gastar quase 30 000 reais em janelas antirruídos a comprar protetores auriculares para ficar dentro de casa. Houve até um protesto no qual vizinhos tentaram convencer clientes a boicotar a lanchonete.
Desde junho morando no pedaço, o médico Rubens Belfort, de 42 anos, disse que os ruídos infernizam durante o dia todo. “É um barulho superdesagradável. É infernal, enche o saco”, desabafa o médico, que reside no sexto andar de um edifício colado ao restaurante, e cuja janela dá bem de frente para o maquinário. “Não é questão de ser fresco. Vai direto, sem parar, das 10h até as 2h da madrugada.”
Pai de um filho de 20 anos, Belfort afirma que o jovem só consegue estudar graças à instalação das janelas antirruído. Pela medição feita com o celular de Belfort, o barulho do exaustor da lanchonete bate os 70 decibéis.
Pela legislação popularmente conhecida como “lei do PSIU”, os limites de ruídos são definidos pela Lei de Zoneamento. Em bairros residenciais, o limite é de 50 decibéis, entre 7h e 22h. Das 22h às 7h, cai para 45. No caso de zonas mistas, o limite fica entre 55 e 65 decibéis no horário das 7h às 22h. Das 22h às 7h, o valor varia entre 45 e 55 decibéis.
Outros moradores do condomínio de Belfort, chamado Visconde do Rio Claro, tentaram dialogar com os responsáveis pela franquia. Segundo o médico, diretores da Lanchonete da Cidade se comprometeram a resolver o problema, mas não cumpriram as promessas que fizeram na época. Então, o grupo de vizinhos passou a tomar as próprias providências.
Primeiramente, decidiram entrar com uma ação na Justiça pedindo a redução do ruído – até agora sem uma definição sobre o caso. Também organizaram um protesto nas redondezas, no qual distribuíram panfletos pedindo que os clientes deixassem de comer lá. O folheto fazia apelo tais como: “Imagina se fosse com sua família?”, “Como você pode ajudar?”, “Vá comer hambúrguer em outro lugar se quiserem nos ajudar a resolver o nosso problema”.
“No dia em que os vizinhos estavam panfletando na rua, chamaram a polícia”, afirma Belfort. “É curioso. Quando eles incomodam a gente, faz parte. Quando a gente quer informar sobre o problema, eles querem chamar a polícia?”.
Também vizinha da lanchonete, a médica Monica Checchia, de 62 anos, contou que foi obrigada a comprar protetores auriculares para conseguir permanecer em sua própria casa. “O barulho é muito forte. E olha que temos janelas antirruído. Se não, seria impossível ficar aqui”. Ela mora há um ano no quinto andar de um prédio da redondeza.
Outro lado
Em nota, o diretor operacional da Lanchonete da Cidade, Vinícius Casella Abramides, escreveu que a franquia tem todas as licenças para operar no bairro. “Aceitamos críticas de maneira humilde, e trabalhamos sempre para melhorar, e assim fazemos desde a nossa chegada à Alameda Tietê. Quando erramos, corrigimos o mais rápido que conseguimos. Entretanto, ressaltamos que existe um limite ao que podemos fazer”, diz o texto.
Abramides explica ainda que a marca segue “rigorosamente as normas técnicas, legais, e de segurança às quais estamos submetidos no nosso ramo de atuação”.
Ele também cita na nota a ação movida pela vizinhança para resolver o problema do barulho. E afirma aguardar uma decisão judicial antes de fazer qualquer tipo de mudança. “Felizmente, o caso em questão está na Justiça para ser discutido de forma desapaixonada. Se houver algo a corrigir, que seja apontado de forma técnica e equilibrada: é certo que acataremos prontamente, cidadãos e empresários responsáveis que somos”, pontua um dos diretores da rede.