Seis baladas comemoram uma década de existência
Azucar, Boogie Disco, Canto da Ema, Disco, DJ Club e Na Mata Café fogem lista de casas noturnas que perderam público ao longo dos anos
Não há muita novidade no ciclo de vida das casas noturnas paulistanas. Elas aparecem com certo estardalhaço, recebem centenas de jovens dispostos a pular como se não houvesse amanhã e, aos poucos, vão perdendo público até fechar. Segundo a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), a cada dez estabelecimentos que são inaugurados na cidade, sete deixam de funcionar em um período de até dois anos. Elas são raras, mas há exceções a essa fatídica regra. São famosos os casos da Toco Dance Club, na Vila Matilde, que abriu em 1972 e encerrou suas atividades em 1997; da Lov.e, que fechou em 2008 após dez anos; e do Gallery, que passou por uma série de reformas e pequenas adaptações em seu nome entre 1979 e 2007. Por isso mesmo, é motivo de comemoração para os baladeiros uma boate completar uma década de existência. É o caso neste ano de seis dessas casas.
A Disco, no Itaim, apaga as velinhas no próximo dia 10, mas faz a festa no dia 5, no Hotel Unique. Michel Saad, DJ e um dos sócios, credita a longevidade ao fato de o local se manter como referência para os fãs de house music. “As pessoas sabem o que esperar quando vêm aqui”, diz. Para Ricardo Bartoli de Angelo, presidente da Abrasel, é exatamente essa a tão desejada fórmula do sucesso. “Os estabelecimentos precisam se reinventar ao longo dos anos sem perder a personalidade.” Conta muito, claro, uma pesquisa prévia para saber se há público para a proposta escolhida. Considerado o primeiro bar cubano de São Paulo, o Azucar, no Itaim, aproveitou uma leva de “latinidade”, mas, mesmo quando diminuiu o número de interessados pelos ritmos caribenhos, manteve a identidade. “Apostamos em um som menos cafona que o do Ricky Martin”, afirma o sócio Juan Troccoli.
Na mesma linha, o Canto da Ema, na Vila Madalena, virou uma referência para os fãs de forró e a Boogie Disco, na Vila Olímpia, para quem quer curtir hits das décadas de 70, 80 e 90. “Na Boogie as músicas são antigas, mas o lugar é sempre novo”, diz o sócio Maurício Janikian.
Com uma pegada mais eclética se encontram o Na Mata Café, no Itaim, e o DJ Club, no Jardim Paulista. Graças a um bom palco e a equipamentos de som e luz dignos de uma casa de shows, o Na Mata é muito procurado para gravações de DVDs. Na programação regular estão grupos como The Soundtrackers e Frank Elvis e los Sinatras. “As bandas são nossa prioridade, e dependemos muito delas para ter público”, afirma Cliff Li, um dos donos. O DJ Club é o único desses heróis da resistência a ir na contramão e apostar em noites específicas para cada estilo, como black music e rock alternativo. “No nosso caso, os clientes permanecem fiéis aos seus ritmos favoritos”, acredita o proprietário, Igor Calmona. “Cada dia da semana se torna uma balada diferente.” Afinal, na noite paulistana, toda regra tem exceção.