Avaliamos os estacionamentos de dez shopping centers em São Paulo
VEJA SÃO PAULO cronometrou o tempo de espera por uma vaga nos estacionamentos de dez shopping centers
Buscar uma vaga em um movimentado shopping da cidade num sábado à tarde pode ser uma tarefa tão penosa quanto cavar um lugar ao sol num domingo de praia lotada. Disputado, qualquer espaço de quase 10 metros quadrados (exatamente a área que um carro médio ocupa) parece um oásis. É claro que o fator sorte pode influenciar na espera. Mas, como não é possível contar sempre com o imponderável, os estacionamentos devem ter um projeto que atenda à sua demanda de clientes. No sábado (18), a reportagem de Veja São Paulo percorreu o estacionamento de dez shoppings, entre 15 e 20 horas, para avaliar as condições de cada um deles e cronometrar o tempo gasto na busca por uma vaga. O resultado é surpreendentemente positivo em relação ao tempo de espera: em média, levou-se três minutos e meio para estacionar. A procura durou mais no Eldorado e no Anália Franco, nos quais foram gastos sete minutos. Já no Aricanduva, Ibirapuera, Pátio Higienópolis, Villa-Lobos e West Plaza, a espera foi menor: dois minutos (veja quadro na pág. 28). O cenário costuma ser bem menos animador em véspera de datas comemorativas, como Dia dos Pais, das Mães, dos Namorados e principalmente Natal.
Uma das explicações para a facilidade em estacionar é a alta rotatividade. No West Plaza, por exemplo, o número de veículos que entraram e saíram durante cinco minutos de um dos pavimentos do edifício-garagem foi exatamente o mesmo. Essa relação se repetiu no tradicionalmente abarrotado e claustrofóbico estacionamento do Pátio Higienópolis. A orientação de funcionários também agiliza a procura. No Center Norte, por exemplo, há sessenta fiscais por turno para organizar um trânsito de 28 000 carros que circulam ali a cada sábado à procura de uma das 3 458 vagas existentes em seus gigantescos pátios descobertos. Os corredores espaçosos – que medem de 6 a 8 metros de largura – facilitam a vida do consumidor na hora das manobras e ajudam a evitar congestionamentos. “As vagas precisam ser projetadas para o pior motorista, e não para o melhor”, diz Antonio Mier, sócio da N2 Projetos e Design, empresa que planeja estacionamentos privados na cidade.
Quando a fiscalização é ineficiente, no entanto, a bagunça rola solta: carros parados em locais proibidos, situação constatada no Eldorado e no Iguatemi, ou em áreas reservadas por lei aos deficientes, idosos e gestantes. “Os shoppings não costumam fiscalizar os que desrespeitam esses espaços”, diz a vereadora Mara Gabrilli, tetraplégica e ex-secretária da Pessoa com Deficiência e Mobilidade Reduzida. Ainda em fase de votação, um projeto de lei elaborado por Mara pretende autorizar a subprefeitura a multar em caso de uso incorreto das vagas reservadas a deficientes. De acordo com o Código de Obras e Edificações do Município, as chamadas vagas especiais devem somar 3% do total. Estacionamentos coletivos precisam ter 50% de vagas pequenas (8,4 metros quadrados), 45% de vagas médias (9,8 metros quadrados) e 5% de vagas grandes (13,75) – mas, como as vagas não são marcadas (carros pequenos param em vagas grandes, e vice-versa), essa diferenciação não faz muito sentido. Os corredores, por sua vez, devem ter 4,50 metros de largura. “O conforto de um estacionamento pode atrair ou espantar clientes”, diz Luiz Fernando Pinto Veiga, diretor da Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce). “É por isso que muitos templos de consumo têm investido para expandir suas vagas.”