Terminou sem acordo a audiência de conciliação entre a direção da USP, o Diretório Central dos Estudantes (DCE), o Sindicato dos Funcionários (Sintusp) e a Associação dos Docentes da USP (Adusp) para tentar acabar com a greve estudantil e a ocupação, há uma semana, da reitoria da universidade. Agora, a justiça tem 48 horas para analisar o pedido de reintegração de posse pedida pela instituição na última quinta-feira (3).
Com a audiência, objetivo da Justiça era resolver amigavelmente a ocupação da reitoria, sem a necessidade de intervenção policial. Os estudantes, porém, disseram ao juiz que só desocupam o prédio se for formada uma comissão de negociação com a USP, com reuniões periódicas. A universidade, por sua vez, alegou que só negocia com o DCE quando eles saírem da reitoria.
De acordo com Magno de Carvalho, diretor do Sintusp, o sindicato dos funcionários vai decidir em assembleia se também vai aderir à ocupação dos estudantes. “Os advogados da USP estavam sempre em contato com o [reitor João Grandino] Rodas por telefone. O juiz chegou a dizer que o reitor estava sendo intransigente”, disse.
A ocupação acontece porque os estudantes querem eleições diretas para reitor – o mandato de João Grandino Rodas – escolhido pelo então governador José Serra em 2009 – acaba em janeiro e sua substituição deve ser definida nas próximas semanas. O Conselho Universitário chegou a fazer mudanças no processo eleitoral – criou, por exemplo, a exigência de chapas de pré-candidatura para reitor e vice-reitor -, mas manteve o voto indireto.
Os estudantes estão acampados na reitoria desde o dia 1º, quando uma reunião do Coselho Universitário manteve as eleições indiretas para o cargo de reitor e vice-reitor. A principal pauta do DCE é a eleição direta, uma vez que hoje o comando da universidade depende de indicação política.
Manifestação
Representantes do DCE que participaram da audiência disseram que a ocupação continuará por tempo indeterminado e que haverá resistência se houver reintegração de posse. Os estudantes convocaram para as 16 horas desta quarta (9) uma passeata do Masp até a Assembleia Legislativa. Alunos da Unicamp que também ocupam a reitoria da universidade devem se juntar à manifestação.
Sem água e sem luz
A universidade cortou a água e a luz da reitoria na sexta-feira – os alunos usam os banheiros de outros prédios ou voltam para casa para tomar banho. Alguns tentaram fazer uma ligação clandestina em um poste – que também teve a luz cortada pela USP.
“É uma chantagem ridícula. Gostaria de saber se o senhor reitor teria condições de negociar com a luz e a água da casa dele cortadas”, disse Pedro Serrano, diretor do DCE.
Processo
A USP entrou na quinta (3) com um pedido de reintegração de posse da reitoria. O processo é movido contra o DCE, a Adusp (professores) e o Sintusp (funcionários), que apoiam a ocupação, mas não estão dentro do prédio.
Já os alunos querem suspensão total do processo de reintegração e, a partir daí, iniciar uma negociação com a USP. Cerca de 50 estudantes acompanharam a audiência do lado de fora do fórum. Trinta policiais militares estavam na porta do Fórum.