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Artur Pereira tem obras expostas no Instituto Moreira Sales

O escultor, elogiado por Amilcar de Castro, conseguiu ultrapassar os limites da arte naïf

Por Jonas Lopes
Atualizado em 5 dez 2016, 18h53 - Publicado em 26 mar 2010, 17h28

Nascido em Cachoeira do Brumado, um pequeno distrito de Mariana (MG) com forte tradição em artesanato, Artur Pereira (1920-2003) conseguiu se destacar e ultrapassar os limites da arte naïf. Admirada por colecionadores prestigiados, entre eles a galerista Vilma Eid e o banqueiro Fernão Bracher, a produção desse ex-trabalhador rural é tema de uma mostra com dezessete esculturas no Instituto Moreira Salles. Um dos fatores fundamentais para a popularização do artista foi a amizade mantida com o brilhante escultor concretista Amilcar de Castro (1920-2002), também mineiro, a quem chegou a vender trabalhos. “O Amilcar brincava e dizia que o Artur era melhor do que ele”, diz o crítico Rodrigo Naves, organizador da exposição.

Logo de cara, os trabalhos do autodidata Artur Pereira chamam atenção pela simplicidade — apenas aparente — e pela economia de recursos nas formas esculpidas em madeira. Alguns animais, como tatus e tucanos, são reconhecíveis. Outros misturam características de várias espécies. “Foi justamente essa tentativa de não mimetizar o realismo que tanto atraiu Picasso, Matisse e Giacometti para os primitivos”, afirma Naves. Para o crítico, aliás, trata-se de um bom momento para abandonar as separações entre arte popular e erudita e tratar todos os artistas da mesma forma. “Não faz mais sentido fazer essa dissociação, pois a história nos dá vários exemplos da importância de elementos primitivistas”, argumenta. “Basta pensarmos na influência de Henri Rousseau e nas máscaras africanas da tela ‘As Senhoritas de Avignon’, de Picasso.”

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