Jorge Zalszupin associa sua trajetória de vida a uma “sucessão de milagres”. Escapou do holocausto polonês e exilou-se na Romênia, onde cursou arquitetura, depois de ser influenciado por um livro que encontrou quando tinha 15 anos, com as letras LC em dourado, que o deixou encantado com os traços de Le Corbusier.
Trabalhou por alguns meses em Dunquerque, no norte da França. De lá, decidiu imigrar para o Brasil, inspirado na arquitetura de Oscar Niemeyer, em 1949. O país naquele momento era visto pelo mundo como um solo fértil para a arquitetura moderna. o MoMa de Nova York dedicou uma grande exposição em 1943 à nossa arquitetura, chamada Brazil Builds.
Impulsionado pela demanda de clientes e norteado pelos princípios modernistas, Zalszupin começa, na década de 1950, a desenhar móveis alinhados com a arquitetura da época. Em menos de uma década, sua L’atelier já era considerada uma das mais modernas fábricas de mobiliário do país, onde produzia pequenas séries de suas criações. Entre as peças desenhadas, foi ali que ele elaborou a famosa poltrona Dinamarquesa (1959), construída em jacarandá, com pés palito, e que, apesar do nome, tem seus braços e pés inspirados nas lindas colunas de Niemeyer para o Palácio da alvorada. “Essa foi a primeira que não criei sob encomenda. aqui começou minha nova vida”, confessa Zalszupin.
Mostrando equilíbrio surpreendente entre o criar e o vender, o acreditar e o fazer, ele passou por todas as adversidades. Seu legado para o design brasileiro e mundial é inquestionável. Zalszupin, junto aos seus contemporâneos modernistas, elevou o design moderno brasileiro, que hoje desfruta reconhecimento e relevância. Comemorou seus 98 anos na última segunda, dia 1°.
Publicado em VEJA SÃO PAULO de 10 de junho de 2020, edição nº 2690.
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