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Após ser pego, Embaixada diz que vice da Guiné visitaria médico no Brasil

A Polícia Federal encontrou com a comitiva de Teodoro Obiang que desembarcou em Viracopos, Campinas, malas com 16 milhões de dólares e 21 relógios de luxo

Por Estadão Conteúdo
Atualizado em 16 set 2018, 13h40 - Publicado em 16 set 2018, 13h39
Malas com 16 milhões de dólares e 21 relógios de luxo (Reprodução Polícia Federal/Veja SP)
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O secretário da Embaixada da Guiné Equatorial, Leminio Akuben MBA Mikue, afirmou em depoimento à Polícia Federal que o vice-presidente do país africano, Teodoro Nguema Obiang, chegou ao Brasil para ‘tratamento médico e posteriormente seguiria para Singapura em missão oficial’. Leminio Akuben MBA Mikue afirmou que os 16 milhões de dólares em dinheiro apreendidos em duas malas que estavam com a comitiva do vice de Guiné na sexta-feira (14), no Aeroporto de Viracopos, em Campinas, estavam relacionados à missão oficial.

“Pelo que sabe, o presidente estava no Brasil para tratamento médico e posteriormente seguiria para Singapura em missão oficial; que o presidente relatou ao declarante que os valores destinavam-se à referida missão oficial; que não tem conhecimento sobre do que se trata tal missão oficial; que, segundo o presidente, os relógios eram itens de uso pessoal dele”, afirmou.

A aeronave B777-200LR desembarcou em Campinas com 11 passageiros. Obiang foi recepcionado e, por causa das prerrogativas do cargo, não foi inspecionado, mas sua equipe passou pelo crivo da Receita Federal.

O auditor fiscal da Receita Alessandro Grisi Pessoa afirmou também em depoimento à Polícia Federal que a comitiva do vice-presidente levou 4 horas para entregar as chaves de duas malas.

Leminio Akuben MBA Mikue disse à PF que é ‘atualmente a maior autoridade diplomática’ da Guiné Equatorial no Brasil. O secretário declarou que ‘estava no Aeroporto de Viracopos, juntamente com o segundo secretário Bienvenido para recepcionar a comitiva do vice-presidente’.

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“Adentraram no aeroporto pelo desembarque internacional e seguiram com o presidente até um outro portão que daria acesso ao helicóptero que o levaria”, relatou. “Não presenciou a Receita Federal pedir que as malas fossem passadas pelo raio-x no momento do ingresso no aeroporto, somente percebendo essa questão quando já estavam no portão de embarque.”

Segundo o secretário, os fiscais da Receita ‘exigiam que as malas fossem inspecionadas’. Leminio Akuben MBA relatou que o ‘impasse’ sobre a abertura das bagagens do vice da Guiné ‘persistiu durante todo o dia’.

“Em determinado momento, os fiscais ordenaram que as malas fossem abertas dando um prazo de minutos para que isso fosse feito ou então as malas seriam abertas à força”, declarou.

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Leminio Akuben MBA Mikue contou que disse aos servidores da Receita que ‘tal determinação deveria vir do Ministério das Relações Exteriores e exigiu que lhe fossem apresentados documentos que dessem respaldo a tal ordem’. O secretário queria que fosse aplicada a Convenção de Viena, pela qual ‘estariam imunes à fiscalização’.

“Então lhe foi entregue pela autoridade aduaneira um ofício do Ministério das Relações Exteriores o qual sugeria que as malas fossem isentadas de inspeção, onde há também um despacho da Receita Federal consignando que não aplicaria a Convenção de Viena, haja vista que seguia as normas próprias de fiscalização aduaneira”, disse.

“Então, foi até o presidente e disse que a ele que as malas deveriam ser abertas ou então a Receita as abriria à força e ele entregou as chaves ao declarante; que as malas foram abertas e no interior de uma delas havia uma quantia em dólares americanos cerca de 1,4 milhão de reais e cerca de 55 mil reais; que na outra mala, havia vinte e uma unidades de relógios usados.”

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