Antonio Dias: político, mas sutil

Retrospectiva na Pinacoteca explora os primeiros anos da produção do artista

Por Jonas Lopes
Atualizado em 5 dez 2016, 18h35 - Publicado em 25 set 2010, 00h03

Em cartaz na Pinacoteca, Anywhere Is My Land é uma oportunidade excelente para os paulistanos conhecerem o início da carreira de Antonio Dias. Isso porque a maioria das cinquenta obras da retrospectiva, criadas durante os anos 60 e 70, pertence a museus e coleções particulares europeias e raramente são reunidas para exposições. “Elas foram exibidas sempre em pequenas quantidades, em porções”, diz o artista paraibano de 66 anos, radicado na Europa há mais de quatro décadas — hoje ele se divide entre Colônia, na Alemanha, e Milão, na Itália, embora tenha visitado bastante o Brasil. “No início achei estranho, no bom sentido, ver apenas os trabalhos antigos. Sentia como se estivesse diante da mostra de outra pessoa.”

Erotismo, figuração, cores fortes, abordagens ácidas ao momento político do país e flertes com a pop art e histórias em quadrinhos caracterizam os desenhos feitos no passado, muitas vezes apresentados como relevos. Pouco depois, Antonio Dias evoluiu para um estilo de críticas menos explícitas e literais: telas pretas, brancas ou acinzentadas, com pingos de tinta derramados e jogos de palavras. “Meu espírito sempre foi livre. Nunca tive vontade de me agarrar a nada, a nenhum dos rótulos inventados”, afirma. Presente na seleção da 29ª Bienal, voltada para arte e política, Dias ressalta que os temas são indissociáveis em sua produção. “Tento não correr o risco de perder a sutileza e cair no panfletário ou doutrinário.”

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