Feitos a partir de bonecos de massinha ou em avançados computadores, alguns filmes de animação atuais atraem mais gente para as salas de cinema do que longas estrelados por atores de carne e osso. Nem sempre foi assim. “Até a década de 90, os únicos desenhos exibidos no país eram os criados pelos estúdios Hanna-Barbera ou Disney”, lembra a cineasta Aída Queiroz. “Nesse cenário, ficava difícil captar recursos para produções nacionais.” Os diretores Cesar Coelho, Léa Zagury e Marcos Magalhães partilhavam dessa percepção. Por isso, eles resolveram organizar, em 1993, no Rio de Janeiro, um festival que concentrasse as melhores produções do gênero. O intuito era fomentar novas produções brasileiras. Nasceu assim o festival Anima Mundi, que chegaria a São Paulo mais tarde, em 1997, e cuja 18ª edição está prevista para começar no dia 28.
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A programação reúne 452 filmes, de 52 países — a maior parte, daqui do Brasil: 108 fitas. O curta-metragem ‘Os Anjos do Meio da Praça’, de Alexandre Camargo e Camila Carrossine, é um dos destaques. Na trama, um menino testemunha a queda e o aprisionamento de três anjos na praça de sua aldeia. A pré-estreia do longa em 3D ‘Meu Malvado Favorito’, produzido na França, está prometida para o dia 30, no Espaço Unibanco Pompeia. Cerca de 35 000 paulistanos são esperados no evento, que está orçado em 3,8 milhões de reais e que inclui palestras e oficinas. O objetivo dos organizadores parece ter sido alcançado: desde a criação da mostra, eles receberam inscrições de mais de 3 000 animações de diretores brasileiros. “Destas, cerca de 40% foram selecionadas”, estima Aída. Para efeito de comparação, de 1910 até 1993 apenas 107 filmes do gênero haviam sido produzidos no país, de acordo com levantamento da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ).