Basta dar alguns passos pelas vielas de Havana, a capital de Cuba, para ouvir de um trio os versos de “Guantanamera”. Os habitantes passam batido, sabem que o hit é tocado exaustivamente para atrair os turistas. Mas o desprezo não se repete quando se pronuncia o nome Buena Vista Social Club. Alguns cubanos chegam a se espremer do lado de fora de um restaurante para espiar a apresentação de uma banda cover do conjunto — e os estrangeiros pagam até 50 dólares pelo jantar, um bom dinheiro para os padrões da ilha. O verdadeiro Buena Vista, celebrado mundo afora depois do disco produzido pelo guitarrista americano Ry Cooder e do documentário dirigido pelo alemão Wim Wenders (ambos dos anos 90), teve perdas importantes, como a dos cantores Ibrahim Ferrer (1927-2005) e Compay Segundo (1907-2003), mas segue em turnê e aterrissa no HSBC Brasil.
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A formação atual traz doze integrantes, entre eles os veteranos Manuel “Guajiro” Mirabal (trompete) e Jesus “Aguaje” Ramos (trombone). Da nova geração, o vocalista Carlos Calunga chama atenção. Mas a presença mais relevante é a da octogenária Omara Portuondo. Voz feminina do grupo, ela tem afinidade com a nossa música — já registrou um álbum ao lado de Maria Bethânia e regravou Chico Buarque. Omara será responsável por entoar as mais belas canções, a exemplo de “Chan Chan” e “Dos Gardênias”. “Quando canto, sinto como se fosse uma menina de 15 anos”, diz. “Faremos uma festa no Brasil.”