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Alexandre Reinecke se firma como o principal diretor de comédia

Por conta do número de peças em cartaz, ele pode entrar para o 'Guinness Book'

Por Dirceu Alves Jr.
Atualizado em 5 dez 2016, 18h38 - Publicado em 20 ago 2010, 23h17
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  • Na noite do último dia 12, o diretor Alexandre Reinecke, de 41 anos, circulava aliviado pelo Teatro Gazeta, na Avenida Paulista, pouco depois de lançar o espetáculo ‘O Clã das Divorciadas’. Em meio aos cumprimentos por mais um filho que acabara de jogar no palco, ele contava que até três horas antes estava no Teatro Shopping Frei Caneca, a poucas quadras dali, ensaiando ‘Os 39 Degraus’, que tem estreia prevista para o sábado (28).

    Pelo celular, Reinecke ainda conversava com os produtores de ‘Trair e Coçar… É Só Começar’, a quase eterna comédia em cena desde 1986 que ele assumiu no ano passado para dar uma repaginada e disfarçar o mofo do tempo.

    Até o dia 1º de agosto, a peça podia ser vista no Teatro Anhembi Morumbi, na Mooca, e agora circula pelas regiões Sul e Nordeste do país. Entre as sextas e os domingos, o diretor ainda encontra espaço na agenda para rever ‘O Homem das Cavernas’, ‘Toc Toc’ e ‘TPM Katrina’, outros de seus sucessos em cartaz em São Paulo. Além disso, articula a volta à cena, desta vez no Rio de Janeiro, de ‘Adorei o que Você Fez’ e ‘Seria Cômico se não Fosse Sério’, montagens exibidas por aqui no primeiro semestre.

    ‘O Clã das Divorciadas’, ‘O Homem das Cavernas’, ‘Toc Toc’ e ‘TPM Katrin’a atraem mais de 4 000 espectadores por semana. Com ‘Os 39 Degraus’, protagonizada por Dan Stulbach e Danton Mello, o número deve saltar para, pelo menos, 5 000 no mês que vem. “Ele é um multiplicador de público e agrada a qualquer plateia sem abrir mão da qualidade”, afirma o produtor LG Tubaldini Jr., responsável por, entre outros, ‘Toc Toc’, aplaudido por 130 000 pessoas em dois anos. É possível que, se continuar no ritmo atual, seu nome em breve figure no Guinness Book, o livro dos recordes, como o encenador com o maior número de espetáculos em uma mesma cidade — ideia com a qual ele simpatiza.

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    Essa atividade foi acelerada há uma década, quando o então ator aceitou o convite de Paulo Autran para ser assistente de direção no espetáculo ‘Dia das Mães’ e descobriu qual era seu verdadeiro papel nessa história. De lá para cá, dirigiu 28 peças — 26 delas a partir do fim de 2002 — e para o ano que vem já tem, pelo menos, três novos projetos, um dos quais marcará sua estreia como dramaturgo, ‘Conexão Marilyn Monroe’.

    Reinecke fatura entre 6% e 10% da bilheteria de cada espetáculo — cujos ingressos variam de 30 a 80 reais —, mas garante que não está rico. “Até porque ganhar dinheiro com teatro é ficção.” A tão propalada obstinação vem de família. “Sou filho de uma advogada paraibana que ainda hoje, aos 72 anos, trabalha de segunda a sábado”, justifica ele, que é pai de Júlia, de 8 anos. Nos bastidores, costumam chamá-lo de ‘cangaceiro nazista’, em uma brincadeira alimentada pelo rigor na coxia e por sua descendência de alemães e nordestinos.

    Essa fama pode explicar a rapidez com que tira um texto do papel e o leva ao palco: uma média de seis semanas. Seu recorde é a peça ‘Sua Excelência, o Candidato’, com o galã Reynaldo Gianecchini, montada em apenas um mês de 2006. “Quando Reinecke começa a ensaiar, já tem na cabeça exatamente como vai ser o espetáculo e o que espera do elenco”, afirma o ator Norival Rizzo, do monólogo ‘O Homem das Cavernas’, que também participou de ‘Sua Excelência, o Candidato’. “Isso faz com que ninguém perca tempo.” Protagonista de TPM Katrina, a atriz Flávia Garrafa encontra em Reinecke uma dedicação rara.

    As semanas de ensaios podem ser poucas, mas ele assiste a, no mínimo, uma sessão por semana e, posteriormente, por quinzena, além de conversar regularmente com os atores. “É um diretor profundamente obcecado pelo detalhe, pela métrica, o que é fundamental em comédia”, conta Flávia, que já participou de cinco de suas peças. “Também é o primeiro a falar na cara se o nosso excesso compromete o ritmo.”

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