Copa do Mundo: álbum de figurinhas vira febre em São Paulo
Paulistanos de todas as idades colecionam e trocam figurinhas do álbum 'Fifa World Cup 2010' como aquecimento para a Copa do Mundo
A pouco mais de quarenta dias da abertura da Copa do Mundo, na África do Sul, os nomes dos jogadores das 32 seleções do torneio já viraram assunto de mesa de bar. E também do almoço, da reunião de negócios e da sala de aula. O cromo de Lionel Messi, astro da seleção argentina e do time espanhol Barcelona, é de longe o mais disputado do álbum ‘Fifa World Cup 2010’, à venda nas bancas de revistas desde o último dia 11. Encartado como brinde em uma edição dominical do jornal ‘O Estado de S. Paulo’ e em duas do ‘Jornal da Tarde’, o livro ilustrado, que é vendido nas bancas por 3,90 reais, tornou-se febre entre torcedores das mais variadas idades. Somente na capital paulista, mais de 1,2 milhão de envelopes de figurinhas são vendidos por dia, cada um com cinco unidades (75 centavos). A soma representa 40% da produção distribuída pela Editora Panini em todos os estados brasileiros. “O Cristiano Ronaldo está muito feio na foto”, diz a radialista Lívia Perrella, de 22 anos. “A seleção mais bonita é a da Itália, com certeza”, afirma a produtora cultural Isabel Sachs, 24. Na última terça, elas e as amigas Tônia Viggiano, 26 anos, e Samia Klink, 22, atraíam olhares no bar Salve Jorge, na Vila Madalena, enquanto trocavam suas figurinhas. Tônia, que já jogou futebol, era a única a se preocupar com a escalação que será anunciada pelo técnico Dunga no próximo dia 11. (A exemplo do Brasil, nenhuma seleção está oficialmente convocada. Assim, as figurinhas são de jogadores que têm boas chances de ir à Copa — mas podem ficar de fora.)
Fernando Moraes
Esforço coletivo: no escritório Ferraz de Camargo e Cobra, advogados, estagiários e secretárias participam
Na mesma noite, no boteco Sabe-Tudo, nas Perdizes, um grupo de executivos e profissionais liberais se divertia com o passatempo. Evidentemente, seus comentários eram de outro tipo. “Além de discutirmos quais devem ser os adversários do Brasil, fazemos algumas mandingas”, conta o publicitário aposentado Aurélio Prieto, de 62 anos. “Para secar a seleção da Argentina, colamos as figurinhas de seus jogadores de ponta cabeça.” Prieto e seus amigos costumam se reunir para ver os jogos da Copa há vários anos. Para eles, a troca de figurinhas serve como aquecimento para o Mundial. “Já gastei mais de 150 reais em figurinhas, e ainda faltam onze”, afirma o empresário Evaristo Menezes, 43 anos.
Fernando Moraes
Ponto de encontro: frequentadores do bar Sabe-Tudo fazem mandingas contra adversários do Brasil
No escritório de advocacia Ferraz de Camargo e Cobra, no Itaim Bibi, todos colecionam: desde os sócios majoritários até os estagiários e as secretárias. O advogado tributarista Daniel Glaessel Ramalho, 33 anos, explica que a brincadeira é uma forma de integrar a equipe. “Diariamente trazemos um punhado de cromos, que vão sendo adicionados a álbuns coletivos”, diz. “Cada vez que completarmos um, ele será sorteado entre todos.” A equipe está montando quatro livros ao mesmo tempo. São os estagiários os que mais colaboram. “Após o expediente, trocamos com os colegas de faculdade”, explica Mauro Matos, 22 anos, aluno da Universidade Mackenzie. Outra boa tática é participar de encontros de colecionadores. Neste sábado (1º), centenas deles devem se reunir em frente ao Museu do Futebol, no Estádio do Pacaembu, para trocar craques repetidos. Será uma “convenção” semelhante às que têm ocorrido de forma espontânea em bancas, no vão livre do Masp e na Livraria Cultura do Conjunto Nacional.