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Lojas fecham e têm queda de movimento no Aeroporto de Guarulhos

Local perdeu 500 000 passageiros de 2014 a 2015, a primeira queda na última década, e seis comércios fecharam só no Terminal 3

Por Adriana Farias
Atualizado em 1 jun 2017, 16h12 - Publicado em 30 abr 2016, 00h00
Koni Store e Spoletto lojas fechadas no aeroporto internacional de guarulhos
Koni Store e Spoletto lojas fechadas no aeroporto internacional de guarulhos ( Alexandre Battibugli/)
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Em maio de 2014, às vésperas da Copa do Mundo no Brasil, o Terminal 3 do Aeroporto Internacional de Guarulhos era inaugurado, com capacidade para 12 milhões de passageiros ao ano — 28% do total do complexo. Em pouco tempo, a moderna estrutura passou a absorver 80% dos deslocamentos internacionais, e a expectativa de lucrar com um público de alto poder aquisitivo atraiu 100 estabelecimentos comerciais ao prédio.

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A previsão era que houvesse crescimento na demanda: o fluxo de viajantes registrava altas de 10% ao ano até então. No entanto, essa expectativa se desmanchou no ar. Entre 2014 e 2015, o movimento em Cumbica caiu de 39,5 para 39 milhões de pessoas, a primeira queda na última década.

Mesmo quem circula por ali não está mais tão disposto a pôr a mão no bolso. “Hoje, evito gastar nesses tipos de loja”, diz a fotógrafa argentina Nadia Fotti, que, na última segunda (25), embarcou para a Alemanha.

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Diante desse cenário, os empresários da área têm encontrado cada vez mais dificuldade para manter seus negócios em funcionamento. Desde o ano passado, pelo menos seis lojas do Terminal 3 não conseguiram conciliar os custos de manutenção com a receita em declínio, e fecharam as portas. Problemas parecidos são registrados no restante do complexo.

SERGIO KUCZYNSKI proprietário do Arábia
SERGIO KUCZYNSKI proprietário do Arábia ()

“Nosso investimento foi baseado em uma perspectiva de movimento que não se concretizou”, lamenta o dono do Arabia, Sérgio Kuczynski. O restaurante desativou duas unidades no local em 2015. “Em poucos meses, nosso faturamento mensal caiu de 460 000 para 350 000 reais e inviabilizou o pagamento dos 120 000 reais de aluguel, sem incluir outros gastos”, explica. “A conta não fecha.”

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Com a situação de aperto, alguns estabelecimentos tentaram reduzir as despesas. O grupo Skg Fast Food, que administra os restaurantes Koni Store e Spoleto, procurou a concessionária GRU Airport em quatro oportunidades para renegociar os contratos de locação. Sem sucesso, determinou o fechamento de suas filiais em Guarulhos em dezembro. Outros que abandonaram o terminal nos últimos tempos foram a Risotto Mix e a marca americana de pipoca Garrett Popcorn.

O término da operação, em vários casos, veio acompanhado de brigas judiciais. O Arabia processa a administração do aeroporto pelo fato de ela não ter tomado medidas para amenizar o prejuízo dos comerciantes. Já o Skg Fast Food reclama por não ter conseguido encerrar o contrato assim que desocupou a loja. “A concessionária se recusava a receber de volta as chaves do imóvel, o que causou o acúmulo de aluguéis por um espaço já sem uso”, diz o advogado do grupo, Ricardo Negrão. Em março, uma liminar judicial determinou que o aeroporto recebesse as chaves. Cabe agora ao juiz publicar sentença definindo a data de rescisão do contrato.

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Gilmar Barros gerente do Caffè Pascucci
Gilmar Barros gerente do Caffè Pascucci ()

Há quem já tenha resolvido sair do aeroporto, mas não consegue arcar com o valor da multa previsto em contrato. “É impossível desembolsar 500 000 reais neste momento”, reclama Fabrizio Bevilacqua, um dos sócios da rede italiana Caffè Pascucci. Ele também recorreu à Justiça: pede redução no valor do aluguel ou a extinção da multa. “Hoje, estou gastando quase 50% do meu faturamento apenas com a locação. É um absurdo”, completa Bevilacqua, que viu seu movimento cair de 1 000 para 400 clientes diários. “Nunca vi um lugar desses com tão pouca gente circulando de manhã”, afirma o gerente do local, Gilmar Barros.

O clima de frustração também atinge lojistas dos terminais 1 e 2. Há dois anos, o local sofreu com o sumiço dos passageiros internacionais. Agora, encara a fuga dos consumidores devido aos transtornos causados pelas atuais obras de expansão, com a conclusão prevista para o mês que vem.

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“Perdi 60% do meu faturamento”, queixa-se Silvio Maruyama, proprietário da Drogaria e Perfumaria Globo. O estabelecimento fechou sua unidade no sábado passado (23) após três décadas operando por ali. Com queixa semelhante, sua vizinha, a empacotadora de bagagens TrueStar, abriu um processo para tentar renegociar seu contrato.

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A administração do aeroporto minimiza o impacto da queda de público. “Não chegou a 2%”, diz o presidente da GRU Airport, Gustavo Figueiredo. Ele mantém posição firme sobre as renegociações de contrato. “Os operadores assumem direitos, obrigações e riscos na assinatura dos acordos”, diz. Para reduzir o prejuízo do comércio, a concessionária anunciou recentemente algumas ações.

Uma foi criar a promoção “Escolha seu combo” — que estipula três faixas de preço para os produtos, de 10,90, 12,90 e 14,90 reais — em parceria com vinte lanchonetes e restaurantes para incentivar o consumo. Outra estratégia a ser adotada nos próximos meses é alterar a sinalização nos terminais para que as placas indiquem o nome de todos os estabelecimentos, e não tragam apenas informações genéricas como “praça de alimentação”. “Vou deixar mais clara a localização das lojas”, promete Figueiredo.

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