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Adriana Varejão ganha mostra panorâmica no MAM-SP

Artista brasileira mais valiosa do momento, a carioca apresenta obras inéditas em "Histórias às Margens" e fala sobre mercado de arte

Por Anna Garcia
Atualizado em 5 dez 2016, 16h56 - Publicado em 31 ago 2012, 23h55
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  • A tela “Parede com Incisões à la Fontana II”, de 2001, responsável por ter colocado Adriana Varejão entre os artistas recordistas em cifras no mundo dos leilões de arte, não estará presente. Mas a mostra “Histórias às Margens”, em cartaz a partir desta terça-feira (4) no Museu de Arte Moderna de São Paulo, reúne pela primeira vez no Brasil 42 obras da artista em uma panorâmica com foco nos momentos essenciais de suas duas décadas de criação, como o início de influência barroca, o uso de elementos como carne e figuras do mar, e o trabalho com azulejos — que rendeu um painel inédito de 18 metros de comprimento a ser apresentado ao público durante a exibição, até o dia 16 de dezembro.

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    A exposição acontece um ano e meio depois de Adriana ter ganhado as manchetes com a venda de “Parede com Incisões”, leiloada por 1,8 milhão de dólares pela Christie’s, em fevereiro de 2011 — o maior valor alcançado por um artista brasileiro vivo. “A repercussão disso foi enorme e me assustei no início. Mas sei que o feito só me trouxe benefícios e mais visibilidade”, diz. Na entrevista a seguir, ela dá suas razões para tal estranhamento e opina sobre o mercado de arte nacional:

    1) Estamos vivendo um bom momento internacional para a arte brasileira?Existe uma presença constante de artistas brasileiros realizando exposições de peso em instituições internacionais importantes. Temos alguns artistas que estão entre as principais referências do mundo da arte. Mas acredito que isso é devido menos à questão da nacionalidade e mais à qualidade de determinados artistas, ao reconhecimento de talentos individuais.

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    2) Essa curiosidade internacional pela nossa arte tem a ver com o Brasil se destacando como país emergente?Ainda não entendi completamente qual é a política dos grandes museus. Me pergunto se eles de fato se deixam nortear pela questão econômica, ou se o que ocorre, na verdade, é que em países que passam a condição de emergentes, como a China, o Brasil ou Rússia, a produção de arte ganha mais dinamismo, vigor e, portanto, mais visibilidade. Na verdade, uma coisa leva a outra.

    3) Como a nova geração de artistas que despontou nesse cenário nos últimos anos, você incluída, se relaciona com o legado dos artistas concretos e neoconcretos?Muitos artistas da minha geração têm o neoconcretismo como a referência principal de suas obras. Sem este ponto de partida, e sendo um artista brasileiro, é possível que a compreensão de seu trabalho seja mais difícil no circuito institucional de museus e bienais. Por outro lado, vivemos numa era de descontinuidade, na qual as linguagens são muito diversificadas, onde cada artista pode construir uma poética própria usando como referência não apenas a arte brasileira, mas também a arte produzida fora. Hoje, o conceito “arte brasileira”, na minha opinião, é inconsistente, e o que existe é a tentativa de agrupar a produção de artistas brasileiros com linguagens muito diversas entre si. Ao mesmo tempo, o legado neoconcreto vem sendo absorvido por artistas de diferentes nacionalidades.

    4) Você disse ter ficado incomodada com o valor que uma obra sua atingiu no leilão da Christie’s. Qual foi o impacto desse fato para você? Fiquei incomodada pelo fato de os artistas plásticos não terem participação direta na valorização financeira de sua obra. Não existe uma regra clara quanto ao direito autoral ou direito de sucessão. A repercussão da venda foi enorme e confesso que fiquei um pouco assustada no início, mas isso não me impediu de comemorar.

    5) Você sente que o aumento de renda dos brasileiros está fazendo o interesse por arte crescer?Sinto diferença entre o interesse em adquirir arte e o interesse por arte, no sentido cultural. Comprar arte não é necessariamente estar estimulando a cultura. Se olharmos para o estado das instituições e museus no Brasil, veremos poucas iniciativas dos ricos em apoiá-los. Entre outras coisas, não existe uma política de constituição de acervos. O mercado é um coadjuvante importante, mas não é tudo. Há uma diferença grande entre uma feira de arte e um museu.

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