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Adoniran Barbosa tem centenário comemorado com shows e lançamentos

Biografia, livro-agenda com fotos inéditas e artistas relembram obra do ator e sambista que melhor caracterizou São Paulo

Por Henrique Skujis
Atualizado em 5 dez 2016, 19h00 - Publicado em 14 jan 2010, 18h22

Dá licença de contar: o centenário do nascimento de João Rubinato, nome verdadeiro de Adoniran Barbosa, é apenas no dia 6 de agosto. A partir da próxima semana, no entanto, a cidade já começa a homenagear um dos artistas que mais lhe pa garam tributo. O início das comemorações deu-se no fim do ano passado, com o lançamento de uma agenda (Editora Anotações com Arte; 49 reais) que narra a história do compositor com textos e fotos inéditas — entre elas a da aliança feita por Adoniran com a corda mi de seu cavaquinho para presentear a mulher, Mathilde (fato perpetuado na música Prova de Carinho). Ainda em janeiro será lançada a segunda edição de Adoniran — Uma Biografia (Editora Globo), escrita pelo jornalista Celso de Campos Jr. — uma novidade do livro são os roteiros dos programas de rádio nos quais ele encenava o personagem Charutinho, nos anos 50. “Ele foi muito mais do que um compositor”, diz Campos. “Ganhou cinco vezes o Prêmio Roquete Pinto como radioator da Record, estrelou filmes como O Cangaceiro, de Lima Barreto, e fez diversas novelas na Tupi.”

Para quem quer recordar Adoniran ao som de suas célebres canções, como Trem das Onze e Saudosa Maloca, o bar Casa de Francisca recebe entre os dias 21 e 27 o projeto Ô, Seu Barbosa!. Paulo Vanzolini, amigo de Adoniran e, ao seu lado, um dos maiores expoentes do samba paulista, apresenta-se nos dias 24 e 25. A programação conta ainda com Passoca, que em 2000 gravou CD com músicas inéditas do compositor, e Kiko Dinucci, jovem de 32 anos com um jeito Adoniran de compor. “Sem saudosismo, eu canto a cidade em forma de crônica”, diz. “A gente dá risada das músicas, mas elas têm tristeza. Não acho que o Adoniran tenha exaltado São Paulo. Pelo contrário. Ele fala das mazelas, como a perda do barraco (Saudosa Maloca e Despejo na Favela), do ritmo exagerado da capital (Iracema) e dos moradores de rua (Abrigo de Vagabundos).”

Outros shows-homenagens acontecem nos dias 23 a 25 no Sesc Vila Mariana e no Sesc Ipiranga. Neste, o show, batizado de O Arnesto Nos Convidou, mistura grupos de samba de raiz com a velha guarda da Vai-Vai, da Camisa Verde e da Nenê de Vila Matilde. Em fevereiro, tem o Skarnaval, no Hangar 110, onde as músicas de Adoniran serão entoadas em ritmo de ska. Maria Helena Rubinato Rodrigues de Sousa, de 72 anos, filha única de Adoniran, está feliz da vida com as homenagens, mas lamenta que nenhuma escola de samba da cidade tenha dedicado seu enredo ao compositor no Carnaval 2010. “As escolas de samba viraram empresas. Dependem de patrocínio.” No dia 25, entra no ar o portal https://www.adoniranbarbosa.com.br, com a história de Adoniran e informações sobre os eventos do centenário. Há previsão de um documentário dirigido pela cantora e compositora Vange Milliet, um musical produzido pelo crítico de cinema Rubens Ewald Filho, uma história em quadrinhos, um CD, shows, um projeto social em escolas públicas e o programa Por Toda Minha Vida, da Rede Globo. “Deve ir ao ar em abril”, diz Maria Helena. Seu sonho, no entanto, é concentrar em um museu o acervo sobre a carreira do “paizão”, como ela chamava Adoniran, um paulista que provou a Vinicius de Moraes e ao Brasil que São Paulo não é o túmulo do samba.

 

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