Em uma esquina da Avenida Francisco Matarazzo, na Pompéia, um trombadinha tomou um susto ao tentar roubar a administradora Michelle Michaan, de 24 anos. Teve seu pulso deslocado quando enfiou a mão no carro da moça, por uma fresta da janela, para arrancar o rádio do painel. “Eu me senti ameaçada e apliquei uma chave de pulso no bandido”, conta Michelle, praticante da luta há nove anos. “Comecei a treinar justamente para saber me defender em situações como essa.” O krav magá (em hebraico, “combate de contato”) foi criado pelo húngaro Imi Lichtenfeld, em 1942, para capacitar tropas de elite que lutavam pela criação de Israel. Vinte e dois anos depois, a técnica começou a ser ensinada a civis.
Não se trata de uma arte marcial, mas de uma aula baseada em situações e simulações de perigo real. Os golpes visam atingir pontos sensíveis do corpo, o que iguala qualquer adversário, independentemente de sua força física. O aluno aprende e treina os movimentos específicos isoladamente, e o que interessa é saber aplicá-los com exatidão. “Mas deve-se ter cautela em qualquer situação de perigo”, diz o instrutor Avigdor Zalmon. “Para reagir, é necessário estar preparado física, mental e tecnicamente. E isso nem sempre acontece.” Assim como no judô e no caratê, há faixas de graduação no krav magá. Nesse caso, são dezesseis (vão da branca até a vermelha).
O israelense Kobi Lichtenstein, ex-militar radicado no Rio de Janeiro e presidente da Federação Sul-Americana de Krav Magá, foi o responsável por trazer a técnica ao país. Lichtenstein veio a passeio ao Brasil em 1987. “Notei como as pessoas tinham receio de sair à noite e andar com jóias na rua.” Discípulo de Imi Lichtenfeld, ele decidiu ministrar a luta por aqui três anos depois. Hoje, há sete academias na capital que ensinam a modalidade. Calcula-se que existam cerca de 2500 praticantes paulistanos, como o estudante Alexandre Assumpção, que trocou o caratê pelo método israelense. “Acho uma luta mais eficaz”, diz ele.
O Centro Paulista de Krav-Magá, nas Perdizes, foi a primeira escola da cidade. “Estamos crescendo cerca de 30% ao ano”, afirma Zalmon, que inaugurou o espaço em 1999. “Não expandimos mais porque faltam professores.” Tornar-se instrutor é uma tarefa para poucos. Primeiro, exige-se do candidato um nível avançado na luta – o que demora em média cinco anos. Depois, ele passa por testes físicos e psicológicos com o instrutor Kobi Lichtenstein. “O rigor atesta a qualidade de nosso ensinamento. Não queremos formar pitboys”, diz Lichtenstein. Essa filosofia é levada a sério pelos instrutores. Para os que procuram sua academia dizendo que querem sangue e mais contato, Zalmon, por exemplo, já tem resposta pronta: “Se quer mais contato, procure uma namorada”.
Um dos golpes do krav magá
Sequência de fotos
Onde aprender
As sete academias da cidade cobram preço único: 68 reais de matrícula e 128 reais de mensalidade (duas aulas por semana)
Beit Menachem
Praça Ernâni Braga, 111, Alto de Pinheiros.
Centro Paulista de Krav-Magá
Rua Apinajés, 253, Perdizes.
Clube 3
Alameda Lorena, 275, Jardim Paulista.
Eldorado
Avenida Rebouças, 3970 (3º piso), Pinheiros.
Fittipaldi
Alameda dos Aicás, 132, Moema.
G-7
Rua Serra de Bragança, 866-A, Tatuapé.
Vita Sports
Rua Doutor Arthur Guimarães, 137, Santana.
Informações pelo 3871-1333