Após perder o emprego de copeira, em 2011, Cláudia Aparecida Salomé dos Santos, de 45 anos, subitamente parou de se alimentar. “Botei na cabeça que estava com pedra na vesícula”, lembra. Ela vomitava tudo o que levava à boca. Muitas vezes, nem comia. Nesse processo, emagreceu 30 quilos. Chegou ao ponto de não ter força para pentear o cabelo. Quando foi internada no Hospital das Clínicas, veio o diagnóstico de depressão, com agravante: como fazia muito tempo que não se alimentava com nutrientes essenciais, tinha desenvolvido polineuropatia, uma síndrome que causa o enfraquecimento de diversos músculos do corpo.
Desde o início, Cláudia sabia que seu tratamento seria longo. “Assim que eu cheguei ao HC, o médico me falou: ‘Sem previsão de alta’”, conta. Já se passou um ano e meio desde então. Em dezembro de 2012, foi transferida para Suzano. Lá, 36% dos pacientes estão internados há mais de um ano. Cláudia levou três meses só para ganhar peso. Depois vieram uma cirurgia plástica para curar uma ferida e sessões de fisioterapia e terapia ocupacional, que faz até hoje. Nas aulas, aprende a pintar e a fazer bordado. Pretende viver disso. Seu dia começa cedo. Almoça às 11 horas e janta às 17. Entre uma e outra tarefa, conversa com os pacientes que estão ali por doenças crônicas ou durante a fase de preparação para a cirurgia de redução de estômago. Adaptada, sente-se insegura para voltar para casa. “Logo que eu cheguei, estava muito nervosa e meu único foco era ir embora. Agora, só quero sair quando estiver boa”, afirma. Atualmente, Cláudia consegue se locomover 50 metros com o auxílio de um andador.