Aos 66 anos, a paulistana Ana Lúcia Torre só agradece ao tempo. “Melhorei muito como pessoa, e isso se reflete na minha profissão”, diz a atriz, que começou o ano cheia de planos. Ela estreia na sexta (13) a comédia “Como Se Tornar uma Supermãe em 10 Lições” no Teatro Gazeta, na qual vive uma mãe judia. Além disso, assinará a direção de um espetáculo e voltará às novelas em breve.
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VEJA SÃO PAULO — Você já desempenhou vários papéis de origem judaica. Por que há essa associação?
Ana Lúcia Torre — Eu brinco que, quando a gente não possui uma personalidade definida, tudo fica fácil. Sou curiosa, apaixonada por línguas, gosto de ler, devoro livros de história… Minha ascendência é portuguesa e italiana e eu tinha muitos colegas judeus na escola, no Ipiranga. Na década de 70, morei quatro anos na Noruega, devido a uma viagem de estudos do meu ex-marido, e convivi com gente de diversos países. Esse caldeirão somou para mim. Quando fiz uma libanesa na minissérie “Um Só Coração”, os telespectadores vinham falar comigo em libanês.
VEJA SÃO PAULO — Para esse espetáculo você buscou referências na sua mãe ou na relação com seu filho?
Ana Lúcia Torre — Gosto de começar do zero. Nesse caso, não me inspirei na minha mãe ou na criação do meu filho (o músico Pedro Lobo), hoje com 26 anos. Até porque o eduquei com liberdade e não teria nada a acrescentar. Sempre peço um pouco de paciência ao diretor. Não sou atriz imediata, crio no meu tempo e, às vezes, faço gestos ou olhares sem perceber. Deve ser parte da técnica também, pois não acredito que o ator seja tomado pelo personagem. Santo só baixa em centro espírita.
VEJA SÃO PAULO — Por que você se tornou uma atriz mais presente na televisão somente na maturidade?
Ana Lúcia Torre — Acho que melhorei com o acúmulo dos anos, talvez porque agora tenho mais chances de explorar essa diversidade. Depois da Tia Neném, de “Insensato Coração”, que era uma intrometida, estou escalada para a próxima novela das 6, como uma mulher riquíssima, refinada e absolutamente do bem. Além disso, fui convidada por três atrizes do Rio de Janeiro para estrear na direção de um espetáculo sobre a poetisa americana Sylvia Plath. Fiquei feliz e me sinto muito desafiada.