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Em Terapia

Por Arnaldo Cheixas Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Terapeuta analítico-comportamental e mestre em Neurociências e Comportamento pela USP, Cheixas propõe usar a psicologia na abordagem de temas relevantes sobre a vida na metrópole.

Depressão deve se agravar no Brasil na próxima década

Relatório da OMS mostra ainda que o país lidera a prevalência mundial de transtornos de ansiedade, que atinge 9,3% da população

Por Arnaldo Cheixas Dias
Atualizado em 12 mar 2017, 20h46 - Publicado em 12 mar 2017, 17h30
Depressão e ansiedade: é importante estar atento a si mesmo nos primeiros sinais (/)
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O Brasil é o quinto país no mundo com maior prevalência de depressão (5,8%), atrás apenas de Ucrânia (6,3%), Estônia, Austrália e Estados Unidos (todos com 5,9%). Segundo o relatório da Organização Mundial de Saúde (OMS) que trouxe este levantamento, a prevalência da doença no mundo em 2015 (ano no qual os dados foram coletados) aumentou 18,4% em relação a 2005 (ano dos dados do relatório anterior).

Este é um problema sério, porque a depressão está entre as principais causas de afastamento do trabalho (deve encabeçar a lista até 2020, segundo projeções da OMS), é uma das principais causas de suicídio e também porque compromete a percepção de autorrealização e bem-estar das pessoas ao longo da vida.

Além da própria projeção de aumento na incidência global de depressão feita pelas Nações Unidas, o caso do Brasil traz uma preocupação a mais: o mesmo relatório mostra que o Brasil lidera a prevalência mundial de transtornos de ansiedade (9,3%). O equivalente a quase uma São Paulo inteira.

Como os transtornos de ansiedade representam um alerta para a chegada de um quadro depressivo, é provável que os dados sobre depressão no Brasil cresçam ainda mais que a média mundial ao longo da próxima década. Em outras palavras: o ansioso de hoje provavelmente sofrerá com a depressão amanhã. E, como o Brasil é atualmente como que o país mais ansioso do mundo, talvez esteja caminhando para se tornar também o mais deprimido.

Isso significa que podemos inferir mais afastamentos no trabalho, mais incapacitação para atividades cotidianas, mais suicídios e necessidade de maior estrutura de saúde para acolher e tratar esta população.

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A alternativa que temos é a prevenção mas o cenário não se mostra nada animador num país que ainda tem desafios marcantes em superar a desigualdade e onde as pessoas ainda correm o risco de perder os direitos sociais mais básicos. Por isso, independente deste cenário nacional, é importante que todos estejamos atentos a nós mesmos e aos nossos familiares quanto a sinais de ansiedade e de depressão. Não se deve adiar a busca por apoio profissional já que são afecções perigosas e já que a estrutura será cada vez mais concorrida nos próximos anos.

Cabe ao governo (nos três níveis) e às universidades construírem soluções profiláticas com a participação da sociedade (sindicatos, empresas, ONGs…). O desafio é grande mas o relatório da OMS chega em tempo para que nos mobilizemos ainda em caráter preventivo.

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