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Arte ao Redor

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Trinca esquecida do modernismo ganha exposição no Museu de Arte Moderna

Público vê produções, algumas inéditas, de John Graz e dos irmãos Antonio e Regina Gomide, membros da Semana de Arte Moderna de 1922 com poucos holofotes

Por Tatiane de Assis Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
11 jun 2021, 06h00
pintura tela pastoral, de john graz e regina gomide
Tela Pastoral (1926): exemplo da produção do casal John Graz e Regina Gomide (Romulo Fialdini/Divulgação)
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Desafios da Modernidade — Família Gomide-Graz nas Décadas de 1920 e 1930 está em cartaz no Museu de Arte Moderna (MAM). Durante o período em que estudou na Escola de Belas Artes de Genebra, entre os anos de 1913 a 1915, o suíço John Graz (1891-1980) conheceu os irmãos Antonio Gomide (1895-1967) e Regina Gomide (1897-1973), também artistas como ele. Graz viria a se casar com Regina na cidade de São Paulo, em 1920, quando se mudou para cá em definitivo.

pintura o encontro, de antionio e regina gomide
O Encontro (1930) e trabalho em tecido com técnica de patchwork (abaixo): peças de Antonio Gomide e sua irmã Regina Gomide, artistas relegados ao segundo plano (Bruno Macedo/Divulgação)
trabalho em tecido com técnica de patchwork, de antionio e regina gomide
(Estevan dos Anjos/Divulgação)

“Embora John Graz tenha participado da Semana de Arte de 1922, ele é pouco citado nos estudos de revisão sobre o evento, produzidos a partir de 1950. Entre 1920 e 1930, ele desenvolveu sobretudo trabalhos relacionados à arquitetura de interiores. Essa atividade não era devidamente valorada, porque não se via além da pintura, gravura e escultura”, explica a curadora Maria Alice Milliet, que selecionou para a mostra um conjunto de oitenta itens, incluindo mobiliários criados por ele para Fúlvia e Adolpho Leirner, hoje mantidos em uma coleção que leva o nome do casal.

pintura composição com figuras, de john graz e regina gomide
Obra em tecido Composição com Figuras (1925): exemplo da produção do casal John Graz e Regina Gomide (Romulo Fialdini/Divulgação)
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A curadora traz ainda justificativas para as obras de Regina também terem sido relegadas ao segundo plano. “Ela ficou à sombra do marido. Outro ponto é que trabalhava com tapeçaria e outras linguagens ligadas ao manual, algo que não era bem-visto e aceito à época”, pontua. Quando questionada se a representação idealizada de grupos indígenas em telas e relevos de Antonio Gomide também alimentava certo rechaçamento à produção do artista, Maria Alice enfatiza: “Eles procuraram incorporar a temática brasileira em seus trabalhos. Contudo, Tarsila, por exemplo, conseguiu uma linguagem própria, o que não foi o caso do Gomide”. Constitui ainda um elemento para pouca visibilidade do trabalho dessa trinca o fato de muitas obras deles terem sido produzidas para ambientes particulares, como residências de famílias paulistanas de classe alta. “A exposição é uma oportunidade única, tanto pela diversidade das peças quanto pelo ineditismo. Algumas delas nunca tinham sido exibidas ao público, porque pertenciam a coleções particulares”, diz a curadora em tom de convite aos visitantes.

> MAM. Parque Ibirapuera. Avenida Pedro Álvares Cabral, s/nº, Portões 1 e 3, Tel.: 5085-1300. Entrada R$ 20,00. Grátis aos domingos. Visitação mediante agendamento: tinyurl.com/p5ufz5ee. Até 15 de agosto.

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Publicado em VEJA São Paulo de 16 de junho de 2021, edição nº 2742

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