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OLÁ,

Wesley Duke Lee – Atemporal

Resenha por Veja São Paulo

Retido em 1980 no aeroporto de Teerã, no Irã, por ter deixado de tomar a vacina contra febre amarela, Wesley Duke Lee (1931-2010) não se rendeu ao ócio. Aproveitou a solidão para produzir a obra Cartografia Anímica, materializada em 48 pranchas. Ela está  exposta ao lado de outras 34 peças igualmente impactantes na mostra A/Temporal, na Ricardo Camargo Galeria. Em uma de suas paredes encontra-se a emblemática Série das Ligas, em que nus femininos são formados por traços singelos. Mal compreendido, o trabalho acabou sendo vetado em salões e bienais. Para Lee, artista sempre à frente do seu tempo, essa foi a oportunidade de criar o primeiro happening de protesto. Ligado ao estilo pop, ele gostava de homenagear suas paixões, a exemplo da mitologia grega, do Império Romano e das culturais orientais. Em Cinco Comentários Ternos sobre o Japão — Ou Obrigado Japão, por exemplo, ele pinta a máscara que ganhou como prêmio da oitava Bienal de Tóquio, em 1965 (chegou a morar no país por cinco meses). Ao lado da Ricardo acaba de ser inaugurado um instituto dedicado ao artista. Criada pelo galerista que batizou com seu nome o espaço e pela sobrinha do artista, Patrícia Lee, a casa-museu abarca todos os (muitos) pertences de Wesley. O intuito é incentivar a pesquisa sobre sua carreira.