- Direção: Sergio Rezende
- Duração: 119 minutos
- Recomendação: 16 anos
- País: Brasil
- Ano: 2009
Assim como no ano passado com Última Parada 174, é muito provável que o Brasil tenha dado outro tiro no pé ao indicar este drama para concorrer a uma das cinco vagas no Oscar 2010 de melhor filme estrangeiro. Embora com ponto de partida atraente e razoável ambiência de thriller urbano, a fita não explora um tema explosivo como este mereceria. Não se trata de uma história de como a população paulistana se viu amedrontada diante dos ataques do Primeiro Comando da Capital (PCC) em maio de 2006. Também roteirista, o carioca Sergio Rezende (de Zuzu Angel) preferiu focar a trama naqueles conturbados dias e como eles se refletiram numa fictícia personagem, a professora de piano Lucia, interpretada por Andréa Beltrão. Ela se muda para um bairro de classe média com o filho Rafa (Lee Thalor) depois de ficar viúva. Por conta de uma discussão num racha, o rapaz mata uma moça e vai preso. Na porta da cadeia, Lucia conhece Ruiva (Denise Weinberg, em atuação enérgica), advogada de um dos líderes do Partido (uma “alusão” ao PCC), facção criminosa que controla o narcotráfico em São Paulo. O roteiro procura não tomar posição e, por isso mesmo, revela-se titubeante, além de muitas vezes improvável — há até, veja só, um romance da protagonista com um bandido sensível e bonitão. Mais frustrante, porém, é ver São Paulo reduzida a banais cenas aéreas. O que era para ser no mínimo envolvente se tornou uma coleção de lugares-comuns sem personalidade.