- Direção: Ilo Krugli
- Duração: 120 minutos
Assistir a uma peça infantil do grupo Ventoforte é uma
experiência única. A começar pelo lugar: o teatro fica em um
simplório e pouco confortável galpão no Parque do Povo, cercado
de verde, com coreto, bonecos e esculturas. Depois vem a longa
duração. Os espetáculos da companhia têm em média duas horas
de encenação e seu diretor, o dramaturgo Ilo Krugli, não faz
concessões. Quem persiste costuma ser muito bem recompensado,
como ocorre em Os que Riem e os que Choram. Com música
envolvente e criativos elementos cenográficos feitos de tecido, a
trupe de 36 anos de palco derruba as fronteiras entre o existente e
o imaginário, apresentando uma montagem de visual interessante,
belo texto e atuações emocionantes.
O Homem que Ri, livro de Victor Hugo publicado em 1869,
inspirou a história. Nele, o menino Gwynplaine teve seu rosto
desfigurado para parecer estar sempre sorrindo — o mesmo
romance influenciou a criação do personagem Coringa, o rival
de Batman. Jogado ao mar, o garoto acaba salvo por Ondina (a atriz Lizete Negreiros), uma espécie de ser mágico. Na segunda
parte, a trama transpõe-se para o cruzamento de uma cidade
grande. Ali, Gwynplaine (o ator Rodrigo Mercadante, que
levou o Prêmio Femsa de Teatro Infantil e Jovem de 2009 por
seu trabalho em O Mistério do Fundo do Pote, também do
Ventoforte) sobrevive como artista de rua. Um estrangeiro acha
curioso um menino saber detalhes de acontecimentos tão antigos
e passa a pesquisar sobre sua vida. Muita coisa não fica clara na
narrativa. Talvez pareça (ou mesmo seja) um pouco complicado
para os menorzinhos. Mas a intenção aqui não é proporcionar a
compreensão total e sim seduzir o espectador para que ele
embarque em uma viagem onírica através de um encantador
ritual de celebração. Recomendado a partir de 7
anos. Estreou em 27/06/2010. Até 25/07/2010.