O Rei Leão

Resenha por Miguel Barbieri Jr.

Com o reajuste da inflação, o desenho O Rei Leão, de 1994, tem a maior bilheteria mundial da Disney desde os anos 60. O novo O Rei Leão pode quebrar recordes, sobretudo porque o anterior permanece na memória afetiva de gerações. Com um acréscimo aqui, um decréscimo ali, é praticamente uma cópia do original, e já vem sendo chamado de um filme de efeitos visuais de fotorrealismo. Não é animação nem live-action. O modelo não causava estranheza em Mogli (2016), do mesmo diretor, Jon Favreau, em que um ator mirim “contracenava” com animais digitais. Aqui, todos os personagens são bichos e, ao contrário da animação de 1994, comportam-se como tal. Ou seja: eles “falam”, mas estão formatados num padrão realista. Os números musicais, por exemplo, que antes tinham um apelo caleidoscópico e fantasioso, agora causam um impacto por vezes negativo. Quem perde mais é Scar, um dos grandes vilões da Disney — no desenho, ele tinha feições trágicas e gestos teatrais, o que não ocorre mais. A proeza técnica, contudo, é fabulosa, e a trilha sonora repete os hits, com destaque para a canção-chiclete Hakuna Matata e Can You Feel the Love Tonight, um dueto com as vozes de Donald Glover (Simba) e Beyoncé (Nala), que encanta mesmo com a breguice da música. Direção: Jon Favreau (The Lion King, EUA, 2019, 118min). 10 anos. Estreou em 18/7/2019.