Les Misérables

Resenha por Dirceu Alves Jr.

Clássico dos clássicos, o musical Les Misérables voltou aos palcos em uma versão repaginada, depois de ocupar o então Teatro Abril, em 2001. A receita é infalível, e os fiéis apreciadores do gênero não ficarão desapontados diante da superprodução, repleta de cenários e figurinos requintados, para a adaptação do romance de Victor Hugo. Na França do início do século XIX, Jean Valjean (representado pelo cantor espanhol Daniel Diges) sofre para ser reintegrado na sociedade. Ele cumpriu pena por roubar um pão e, livre das grades, continua sendo perseguido pelo obcecado oficial Javert (papel de Nando Pradho), em uma trama folhetinesca que seduz a plateia. Na atual montagem, mais compacta, o sofrimento da prostituta Fantine (vivida por Kacau Gomes) surge minimizado, e personagens bem-humorados, como Madame Thénardier (a atriz Andrezza Massei), são valorizados para contrabalançar o peso dramático. É visível a opção conservadora dos produtores ao decidirem retomar o espetáculo criado por Alain Boublil e Claude-Michel Schönberg, principalmente depois de A Família Addams, O Rei Leão e Wicked, todos mais arrojados e contemporâneos. Essencialmente cantado, Les Misérables carrega uma estrutura tradicional e, por isso, a técnica vocal do elenco, composto de 42 artistas, se sobrepõe às interpretações. No campo da atuação, o destaque é Nando Pradho. De 10/3 a 10/12/2017.