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OLÁ,

Lenora de Barros – ISSOÉOSSODISSO

Resenha por Julia Flamingo

Lenora de Barros não fica cheia de dedos na hora de lidar com temas que mobilizam fortes emoções. Logo após a queda das torres gêmeas, em 2001, por exemplo, a paulistana entrou em um cabeleireiro do Shopping Iguatemi e fotografou a si mesma com várias perucas. Os retratos viraram um mural de lambelambe com o escrito “Procuro-me”, uma releitura dos papéis espalhados por familiares das vítimas em Nova York. Os cartazes de Lenora foram pichados por outros artistas/ativistas e, em alguns deles, era possível ler apenas parte da seguinte expressão: “Curo-me”. Essas intervenções foram incorporadas à obra original. O conjunto está exposto agora ao lado de outros vinte trabalhos. Produzida em colaboração com o Paço das Artes, ISSOÉOSSODISSO reúne vídeos, fotografias e instalações criadas a partir de performances emblemáticas de sua carreira, dedicada principalmente à investigação do corpo e da linguagem. Na forte Língua-vertebral, uma estrutura de vértebras artificiais colocada sobre a língua da artista refere-se à poesia concreta, que seria fundadora de uma nova espinha dorsal do português. Proposta parecida é feita em Poema, série de fotoperformances, de 1978. Ao lamber uma máquina de escrever e quase engolir suas teclas, Lenora cria (literalmente) novos significados para as palavras. Até 30/7/016.