Feito na América

- Direção: Doug Liman
- Duração: 115 minutos
- Recomendação: 16 anos
- País: EUA
- Ano: 2017
Resenha por Tiago Faria







Com idas, vindas e manobras quase inacreditáveis, a saga de Barry Seal deixa no chinelo muitas obras amalucadas de ficção. O piloto americano, retratado no thriller cômico Feito na América, circulou nos bastidores de alguns dos episódios mais marcantes do fim dos anos 70 e da década seguinte. Foi tratado como herói quando, ex-funcionário de uma empresa de aviação, atuou pela CIA em operações na América Central. Simultaneamente, participou de engenhoso esquema de tráfico com Pablo Escobar (!). O que lhe faltava em escrúpulos sobrava em malícia e entusiasmo, características que possivelmente atraíram o astro Tom Cruise, 55 anos, ao projeto. O avesso do galã que o consagrou em Top Gun – Ases Indomáveis, de 1986, Seal encarnou os vícios e as loucuras da era Reagan: um tipo pragmático, amável (principalmente quando posava ao lado da esposa Lucy, papel de Sarah Wright) e capaz de vender a alma para faturar alto. De carisma infalível, Cruise faz o público acreditar nos detalhes absurdos de uma história repleta deles. Já o diretor Doug Liman (de No Limite do Amanhã), craque em fitas de ação, ressalta o lado patético dessa trajetória ao alternar cenas documentais a sacadas visuais irreverentes. O paladar para a sátira política mostra-se afiado. Junto do ótimo diretor de fotografia de César Charlone (Cidade de Deus), oxigena um roteiro que só comete um crime: seguir a fórmula manjada de produções sobre ascensão e decadência de figurões. Estreou em 14/9/2017.