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OLÁ,

A Tragédia Latino-Americana

Tipos de Gêneros dramáticos: Tragédia
VejaSP:
  • Direção: Felipe Hirsch
  • Duração: 240 minutos
  • Recomendação: 18 anos

Resenha por Dirceu Alves Jr.

Depois da tetralogia Puzzle, apresentada entre 2013 e 2015, o diretor Felipe Hirsch dá prosseguimento ao projeto de radicalização de um teatro incômodo, importante de ser visto e, por isso, preocupado com o espectador. A Tragédia Latino-Americana tem como inspiração o cenário sociopolítico do continente para a construção de imagens de um cotidiano renegado, e suas quatro horas de duração até assustam, mas são dosadas de forma com que o público se envolva em diferentes sensações diante do que vê. Escritores de nove países, entre eles, o mexicano Gerardo Arana, o cubano Cabrera Infante e Pablo Palacio, do Equador, servem de base para a dramaturgia. O cenário traz 98 enormes blocos de isopor deslocados incansavelmente pelos onze atores, todos de preto, ao longo da montagem. Em uma das primeiras cenas, Caco Ciocler protagoniza um impactante monólogo como Pero Vaz de Caminha, que descreve sem pudores o início de uma exploração sem fim na terra descoberta por Cabral. Igualmente chocante é a trama de jovem Marilena (interpretada por Nataly Rocha), garota estuprada por um vizinho (papel de Danilo Grangheia) que acaba presa depois da morte do filho, fruto da violência sofrida. Magali Biff, com pleno domínio, desfila ironia em cenas pontuais, e Julia Lemmertz imprime sutileza em seu solo. No final, em um debochado clima de musical, os onze atores cantam e dançam ao som de Agua Podrida, do uruguaio Leo Maslíah, e, graças ao riso amargo, aliviam o peso do continente retratado em preto e branco. No elenco ainda estão os atores Camila Nárdila, Georgette Fadel, Guilherme Weber, Pedro Wagner, o argentino Javier Drolas e a chilena Manuela Martelli, além de sete músicos. Para o segundo semestre, Hirsch promete A Comédia Latino-Americana. Estreou em 17/3/2016. Até 17/4/2016.